MST faz mobilização em 15 estados por Reforma Agrária

A jornada nacional de lutas do MST seguiu nesta terça-feira com protestos e ocupações de prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pelo assentamento das 150 mil famílias acampadas em todo o país e pela adoção de um novo modelo econômico que viabilize a realização da Reforma Agrária.

O MST ocupou também a superintendência do Incra em Salvador, na Bahia, com 600 famílias, que reivindicam o assentamento das 15 mil famílias acampadas, além de infra-estrutura, crédito para a produção agrícola, habitação e vistorias de áreas improdutivas.

No Paraná, cerca de 1.000 Sem Terra realizaram protesto contra o modelo econômico neoliberal e o apoio do governo federal às grandes empresas do agronegócio. O ato foi feito em frente ao Ministério da Fazenda de Curitiba. Os trabalhadores também montaram acampamento em frente ao prédio do Incra, no centro da capital, para cobrar o assentamento das 8.000 famílias acampadas.

A jornada de lutas denuncia também o abandono em que se encontra a agricultura familiar, já que o poder público investe cada vez mais dinheiro no agronegócio. Para a safra 2006/2007, foram repassados R$ 50 bilhões para os grandes produtores, enquanto apenas R$ 10 bilhões ficaram disponíveis para a agricultura camponesa (via Pronaf).

No Mato Grosso do Sul, trabalhadores Sem Terra bloquearam duas estradas para cobrar o assentamento das 3.500 famílias acampadas no estado. No ano passado, a meta de assentamentos no estado era de 2.200 famílias, mas apenas 70 famílias receberam seus lotes.

Foi bloqueada a BR-262, entre os municípios de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, onde fica a porta de entrada para motoristas que partem do estado de São Paulo. Pela manhã, 400 trabalhadores rurais fecharam a rodovia MS-060, na altura do trevo Capão Seco, a 12 quilômetros de Sidrolândia, para reivindicar melhorias nas estruturas dos assentamentos.

Em Pernambuco, os trabalhadores Sem Terra fizeram duas ocupações de terras nos municípios de Floresta e Bonito, além de protestos em frente a seis agências da Caixa Econômica Federal (CEF) em todo o estado por crédito para a produção agrícola e apoio à habitação.

“A Reforma Agrária está parada em todo o país. A política econômica do governo corta os recursos previstos no orçamento para a Reforma Agrária e não tem dado apoio aos assentamentos, como crédito para a produção, além de obras de infra-estrutura, como habitação e escolas”, afirma Vanderlei Martini, da coordenação nacional do MST. “Por outro lado, gasta dinheiro na renegociação das dívidas dos latifundiários e nas grandes empresas do agronegócio, que concentram a terra e expulsam os trabalhadores do campo”, completa.

Pela manhã, 500 Sem Terra voltaram a bloquear a BR-163, a 50 km de Sinop, no Mato Grosso. Ontem, a mesma BR foi fechada em dois momentos. Os trabalhadores também fizeram protesto em frente à Delegacia Estadual do Ministério da Fazenda, em Cuiabá, para cobrar o assentamento das 3.500 famílias acampadas no estado.

Em São Paulo, 700 Sem Terra continuam no Incra para cobrar o assentamento imediato das 3.000 famílias acampadas nas estradas paulistas e contra o PL 578/2007, que legaliza as terras griladas na região do Pontal do Paranapanema. Nesta quarta-feira, 26, será realizada marcha até a Assembléia Legislativa contra o projeto do governador José Serra (PSDB).

No interior paulista, cerca de 350 trabalhadores Sem Terra ocupam agência da Caixa Econômica Federal (CEF) e o prédio do Incra, em Andradina, interior de São Paulo.

Em Belo Horizonte (MG), cerca de 400 trabalhadores Sem Terra estão no Incra em defesa do assentamento imediato das 3.200 famílias acampadas em Minas Gerais.

No Rio de Janeiro, 300 famílias seguem no prédio da superintendência estadual do Incra para cobrar o assentamento das 1.200 famílias acampadas. Na quinta, dia 27, será realizado ato da sociedade civil fluminense no órgão federal em defesa da Reforma Agrária.

Em São Luiz do Maranhão, 400 trabalhadores resistem na superintendência do Incra exigindo o assentamento imediato das 4.000 famílias que permanecem acampadas no estado.

Em Santa Catarina, mais 400 Sem Terra permanecem na ocupação na sede Incra em Chapecó pelo assentamento das 1.200 famílias estão acampadas à beira das estradas em todo o estado.

Em Alagoas, cerca de 2.000 trabalhadores Sem Terra montam acampamento na Praça Sinimbu, na região central de Maceió, para exigir o cumprimento do processo de Reforma Agrária no estado. No ano passado, o Incra tinha como meta o assentamento de 3.000 mil famílias, mas apenas 500 receberam seus lotes.

No Ceará, mais de 1.500 trabalhadores do MST ocuparam ontem os quatro andares do prédio da superintendência estadual do Incra, em Fortaleza, para cobrar o assentamento das 1.700 famílias acampadas.

No Rio Grande do Sul, os 1.700 Sem Terra seguem nas três colunas de marchas pela desapropriação da Fazenda Coqueiros, na região Norte do Estado, que tem o tamanho de nove mil campos de futebol, ocupa 30% do território do município e gera apenas 2 empregos fixos.

Na segunda-feira, o Movimento fez outros atos em Goiás, Paraíba, além de Paraná, Pernambuco, Mato Grosso e Rio de Janeiro, em órgãos do Ministério da Fazenda para denunciar que o modelo econômico vigente inviabiliza a realização da Reforma Agrária e incentiva a expansão do agronegócio, modelo baseado na concentração de terras para a produção de monocultura para exportação.

Em Goiás, 300 Sem Terra fizeram manifestação em frente ao prédio da Receita Federal, em Goiânia, e pediram o assentamento imediato das cerca de 4.000 famílias acampadas.

Na Paraíba, cerca de 1000 famílias do Sem Terra ocuparam o prédio da Secretaria da Fazenda, em João Pessoa, para cobrar o assentamento das 3.700 famílias acampadas na Paraíba e pedir mudanças na política econômica.