Após negociações, famílias permanecem acampadas no Paraná

Os 1.300 trabalhadores rurais do MST continuam hoje, dia 27, as negociações com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Paraná. Ontem, os agricultores realizaram negociações com o Incra e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Uma comissão se reuniu com o Superintendente da Conab, Lafaete Jacomel, para solicitar a liberação de cestas básicas, às famílias acampadas no Paraná e o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), para os agricultores assentados.

Segundo o coordenador estadual do MST, José Damasceno, o órgão se comprometeu a liberar as cestas básicas, atrasadas, até o início de outubro, para o Incra efetuar a distribuição. As famílias acampadas têm direito de receber uma cesta básica a cada 45 dias, o que não vem sendo cumprido.

Segundo o Lafaete, o PAA depende de recursos centralizados em Brasília, mas garantiu que o programa vai continuar comprando a produção dos agricultores assentados. Dentro do PAA, cada família tem direito de comercializar até R$ 3.500,00, em produtos por ano. Para a coordenadora do setor de Produção do MST, Martina Unterberguer, o programa é importante porque incentiva a produção agrícola e a diversificação da produção, “mas precisa ser ampliado, garantindo a compra de 70% da produção dos pequenos agricultores, para atender a demanda da agricultura camponesa.”

Os trabalhadores passaram o dia discutindo uma extensa pauta de reivindicações junto ao Incra, em torno de infra-estrutura para os assentamentos, construção e manutenção de escolas, créditos de investimento e custeio, créditos para habitação e o desbloqueio de
recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera),
para as escolas do MST, no Estado.

Para O MST, as negociações com o Incra foram razoáveis. A autarquia se comprometeu a encaminhar valores para a reforma de casas nos assentamentos, e a Sanepar, Copel e Eletrosul farão um levantamento para identificar onde há carência de saneamento básico e energia elétrica, nas áreas de assentamento. O Banco do Brasil aguarda a disponibilização de recursos do governo federal para gerenciar créditos de investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

No entanto, as negociações em torno da assistência técnica para os assentamentos de Reforma Agrária, não estão avançando, junto a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O programa está bloqueado há um ano e meio, período em que as 17 mil famílias assentadas no Estado se encontram em completo estado de abandono, impedidas de acessar créditos agrícolas.

O MST cobra o assentamento das 9.000 famílias acampadas no estado. A ocupação no Incra, em Curitiba, que teve início na terça-feira, dia 25, faz parte da jornada nacional de lutas por Reforma Agrária. Em todo o Brasil trabalhadores rurais Sem Terra cobram o assentamento de 150 mil famílias que continuam acampadas à espera de um pedaço de terra.