Ribeirinhos cobram resolução da contaminação no São Francisco

A situação na bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais, está cada dia mais grave. A contaminação por cianobactérias, popularmente conhecidas como algas azuis, tem piorado desde o Rio das Velhas. Organizações da região convocaram para a próxima segunda-feira, dia 5, uma reunião com os principais organismos responsáveis pela área de meio ambiente no estado.

Os movimentos sociais e comunidades ribeirinhas denunciam o governo por tratar o assunto com desdém. Além disso, recusam compensações ou outras medidas paliativas e cobram a solução imediata do problema, que teve início há pelo menos seis semanas.

Laudos recentes atestam que a causa da multiplicação das cianobactérias é a grande quantidade de matéria orgânica a partir dos esgotos despejados sem tratamento, volume baixo de água por causa do longo período de estiagem e agravado pelo calor.

A contaminação tem origem no Rio das Velhas, que recebe os dejetos da região metropolitana de Belo Horizonte. Uma das áreas mais afetadas é o município de Várzea da Palma, onde há a foz e o encontro com o São Francisco, mas a situação chega a atingir municípios baianos, como Bom Jesus da Lapa.

A água contaminada apresenta mau cheiro, aspecto esverdeado e pode ser nociva quando consumida sem tratamento. O peixe ainda vivo apresenta aspecto de podre. Em Minas Gerais a pesca continua proibida, assim como qualquer contato com a água. As cianobactérias podem atacar o fígado e os rins e, segundo os especialistas, provocar vômitos e diarréias.

Para a reunião de segunda-feira foram chamados o procurador-geral da República, Tarcísio Henrique Filhos, o secretário estadual de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, Durval Ângelo, o presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Márcio Augusto Vasconcelos Nunes, o gerente executivo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias Filho, além dos representantes do Instituto estadual de Floresta (IEF) e da Coordenadoria das Promotorias de Justiça e Defesa do rio São Francisco.

Os representantes das Colônias de pescadores dos municípios de Pirapora, Buritizeiro, Pedras de Maria da Cruz e Januária, além da Associação dos Vazanteiros do rio de Januária, Comissão Organizadora de Pescadores de Três Marias e Comissão Pastoral da Terra (CPT), decidiram cobrar de forma ainda mais contundente a resolução do problema e planejam novas ações. Entretanto, aguardam o resultado da reunião de segunda-feira.

Essa semana, o deputado estadual Paulo Guedes (PT-MG), apresentou documento em que acusa a Copasa de estar manipulando informações. Ele afirma que dos 90% de esgotos coletados, apenas 45% receberiam tratamento, mesmo assim primário, ou seja, somente a sedimentação dos resíduos sólidos.