Trabalhador rural é assassinado no estado de Minas Gerais

O trabalhador rural João Calazans, 50 anos, foi assassinado por volta das 21h da noite de ontem, dia 11, no quintal de sua casa, quando ele estava com a família, no Assentamento Chico Mendes, do Município Pingo D´Água (MG). Calazans levou um tiro do lado direito da nuca, chegou a ser encaminhado ao Hospital de Ipatinga, mas já estava morto.

As terras do Assentamento Chico Mendes foram ocupadas em 1999, e mesmo após a criação do assentamento, as famílias convivem com conflitos devido à morosidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que em nove anos ainda não finalizou o parcelamento da área.

João Calazans dedicou sua vida à luta em defesa dos trabalhadores rurais, incomodou os latifundiários do Vale do Rio Doce e do Vale do Aço. Ele denunciou as péssimas condições de trabalho e a super-exploração de trabalhadores rurais nas carvoarias da região, que sustentam as siderúrgicas.

Calazans era presidente da Associação do Assentamento Chico Mendes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pingo D´Água, Conselheiro da Mata do Parque Estadual Rio Doce, ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente, e ex-Coordenador do Pólo Regional Rio Doce da FETAEMG.

Em nota, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) exige que sejam tomadas providencias para elucidar o crime e punir os assassinos de trabalhadores rurais. “De forma incansável clamaremos por justiça, exigimos dos poderes públicos todos os esforços para encontrar os responsáveis, e a punição desses”, diz a nota.

Calazans era um companheiro que lutava por justiça social, conta Ademar Ludwig, da direção do MST em Minas Gerais. “O MST se solidariza com os companheiros e exige a punição dos culpados da morte de Calazans e de tantos outros que morreram em Minas Gerias, como no Massacre de Felisburgo em 2004, cujos culpados ainda não foram punidos”.

O assassinato de Calazans acontece dois dias após a divulgação do resultado parcial do Relatório de Conflitos no Campo da CPT, no qual são contabilizados 25 assassinatos ocorridos no campo, relacionados a conflitos por terra, somente em 2007. “É inadmissível que os assassinatos de sem-terra continuem”, conclui Ludwig.

Até o momento a Polícia não encontrou pistas sobre o assassino.