Tetê Moraes lançará filme sobre o filho de Rose

por Carlos Alberto Mattos

O bebê de Rose cresceu e estuda medicina em Cuba com bolsa obtida através do MST. Tetê Moraes voltou há pouco de lá com as imagens para um curta sobre Marcos Tiaraju. Será a terceira obra de uma saga que ela vem documentando como microcosmo de algumas transformações ocorridas no Brasil das últimas décadas.

Tudo começou em meados dos anos 1980, quando Tetê pesquisava para um filme sobre mulheres e a questão agrária, e deparou-se com o imenso acampamento de ocupantes da Fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul. Ali conheceu a combativa lavradora Roseli Seleste Nunes da Silva. Terra para Rose (melhor filme nos festivais de Brasília e Havana) mostrou o contexto de sua luta e o seu martírio. Rose carregava e amamentava Marcos nas marchas e manifestações.

Dez anos depois, em O Sonho de Rose, Tetê ousou mostrar experiências bem-sucedidas de assentamento e progresso a partir do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O filme ajudou a recuperar a memória de Rose dentro do movimento e a obter assentamento para sua família. Os dois filmes foram editados em um belo DVD. Agora será a vez de Fruto da Terra, o curta sobre Marcos, integrante de um projeto maior sobre direitos humanos. Quem sabe um dia a trilogia de longas se complete com um possível Frutos de Rose, sobre as crianças de ontem e de hoje dentro do MST.

A ex-jornalista e ex-funcionária do Itamaraty saiu do Brasil em 1970 depois de ser presa e denunciar torturas do regime militar. Exilada, viveu no Chile, EUA, França e Portugal. Começou no cinema com Helena Solberg em Washington. Em Portugal, fez um Super 8 sobre a ocupação de uma quinta no Alentejo: Aulas e Azeitonas. De volta ao Brasil, em 1979, dirigiu o curta Quando a Rua Vira Casa e o longa Lajes, a Força do Povo (1982), sobre a experiência de participação popular na administração do município catarinense.