MST protesta contra assassinato de Sem Terra

Cerca de 400 trabalhadores do MST, realizaram ontem um Ato Político na Igreja Matriz de Ortigueira, em repúdio ao assassinato do dirigente do MST, Eli Dallemole, de 42 anos, executado por um grupo de milícias armadas da região, no domingo (30/03).

Os Sem Terra seguem em marcha pela cidade de Ortigueira até a Igreja Matriz, exigindo punição dos assassinos e mandantes do crime. O corpo de Eli acompanha o cortejo, que no final da tarde segue para o assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira para ser velado, onde o trabalhador morava. O enterro foi hoje (01/04), às 8h, no Cemitério de Tamarana.

Eli foi assassinado com quatro tiros, à queima roupa, às 19h30, por dois homens encapuzados que invadiram sua casa, o executaram e fugiram em seguida. O trabalhador que era casado deixa mulher e três filhos.

As ameaçadas de morte contra o trabalhador já vinham acontecendo há mais de dois anos, mas aumentram após o ataque de um grupo de milícias armadas ao acampamento Terra Livre, na fazenda Copramil, em Ortigueira (proximo ao pedágio da BR 376), no último dia 08 de março. Os Sem Terra, Marlene e Sebastião também estavam sendo ameaçados, mas sairam da região
com medo de que as promessas se cumprissem.

Eli foi assassinado por ser dirigente do MST na região e ter se tornado testemunha importante nas investigações de desmonte dessas milícias armadas. As famílias acampadas na região já vinham denunciando a ação das milícias há algum tempo. Haviam sido encaminhadas denúncias para a
Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, Polícia e registrado quatro Boletins de Ocorrência na delegacia de Ortigueira.

Os trabalhadores afirmam, que o grupo de pistoleiros é comandado por um homem conhecido como “Zézinho”, financiado por fazendeiros da região. Suspeita-se que o assassinato tenha sido praticado ou mesmo comandado por este “Zézinho”. Segundo o Secretário de Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), prendeu cinco suspeitos de envolvimento no assassinato e um fazendeiro da região, acusado de ser o mandante do crime.

Eli era um militante histórico na luta pela reforma agrária do Paraná. Ingressou no MST, em 1985 na região Sudoeste e atualmente fazia parte da direção estadual do MST.

O MST cobra justiça e punição dos executores e mandantes de mais um assassinato de trabalhador Sem Terra e a extinção imediata de grupos de milícias armadas que já estão se tornando orriqueiras no Paraná. Além da agilidade na desapropriação de áreas para reforma agrária, principalmente para as famílias acampadas nas fazendas Compramil, Boa Vista e Barra Bonita, na região de Ortigueira.

Contexto

Em outro ataque promovido pelo mesmo grupo armado ao acampamento Terra Livre, aproximadamente 15 pistoleros aterrorrizaram as 35 famílias do MST acampadas na área e queimaram todos os pertences dos trabalhadores. Os trabalhadores ficaram apenas com a roupa do corpo. Muitos não conseguiram salvar nem seus próprios documentos. Crianças foram ameaçadas e arrastadas pelo chão. Mulheres e homens foram espancados.

Após o ataque sete pistoleiros foram presos em flagrante pela polícia e levados à delegacia de Ortigueira. Foi instaurado um inquérito polícial para investigação de formação de milícia armada pelo Cope, em Curitiba.

As famílias do Terra Livre estão acampadas no local desde de 2003.