MST ocupa mais 10 latifúndios em Pernambuco

Mais dez latifúndios improdutivos foram ocupados hoje (14/4) em Pernambuco para denunciar a lentidão da Reforma Agrária, exigir o assentamento das 150 mil famílias acampadas em todo o país e investimentos públicos nos assentamentos, como crédito para produção agrícola e habitação rural.

No município de Caruaru, Agreste do Estado, cerca de 150 famílias Sem Terra ocuparam a Fazenda Bananeiras. A área possui uma granja falida e estava abandonada e improdutiva.

Os Sem Terra já começaram a montar os barracos de lona e a limpar o terreno para iniciar a plantar nos próximos dias. Três policiais armados, um fardado e dois à paisana, chegaram ao local acompanhados de outra pessoa que se diz representante do proprietário. Os policiais não possuem nenhum mandato de reintegração de posse, e até o momento não houve conflito. Mas a área está tensa com a chegada de pistoleiros cercando o acampamento.

Na Zona da Mata Norte 110 famílias ocuparam o Engenho Paraguaçu, de 1.000 hectares, localizado no município de Itambé, e o Engenho Gurijó, no município de Goiânia. As duas áreas são improdutivas e já foram vistoriadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma), aguardando apenas decreto de desapropriação para fins de Reforma Agrária.

Já no Sertão do Estado foram ocupadas três áreas. Em Petrolândia 500 famílias Sem Terra ocuparam a Fazenda Picos; no município de Carnaubeira da Penha, outras 200 famílias ocuparam a Fazenda José Gomes; e em Serra Talhada 80 famílias ocuparam a Fazenda Tiú.

As outras áreas ocupadas hoje foram: Engenhos Brilhante (100 famílias), São José (100 famílias) e Dois Braços de Cima (70
famílias), todos no município de Escada; e Fazenda Serra Grande (40 famílias), Gravatá.

Já aconteceram 14 ocupações de terra em Pernambuco e cerca de 2.500 famílias foram mobilizadas. A Reforma Agrária no Brasil está praticamente parada. Em Pernambuco não houve uma única terra desapropriada ou família assentada em todo o
Estado no ano passado.

Acampamentos com mais de dez anos, como é o caso do Acampamento Bonito, na mata Sul do Estado, continuam sem
solução. Áreas já com decreto presidencial de desapropriação há anos, seguem paradas na Justiça. Assentamentos já consolidados, como São Gregório, Alegre I e II, também na Mata Sul, que já existem desde 1996, correm o risco de serem destruídos, pois a Usina Estreliana entrou com ação judicial para retomar o imóvel e acabar com os Assentamentos.