Brasil está no centro das críticas de camponeses na COP-9

Começou hoje, em Bonn, Alemanha, a COP-9 (9º Conferência de Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica). O Brasil, que sempre foi um dos destaques nas negociações internacionais sobre biodiversidade, é nesta COP centro das atenções e alvo de críticas da sociedade civil de todo o mundo.

Durante reuniões preparatórias para as negociações das próximas duas semanas, organizações decidiram formar o chamado “o bloco laranja” (Orange block). Vestidas com camisetas laranjas, “evocando as florestas e canaviais em chama”, cerca de 200 representantes de ONGs, movimentos sociais e comunidades locais protestaram na entrada da Conferência Oficial, juntamente com a Via Campesina, e prometem ocupar as plenárias com as camisetas durante as próximas duas semanas.

A camiseta laranja tem na frente os dizeres “Brasil e Alemanha: Comprometidos com a Destruição da Biodiversidade. Não compre este acordo.” , em referência explicita ao acordo de cooperação energética firmado na última semana entre os dois países e que inclui exportação de etanol e o compromisso da Alemanha em seguir na cooperação nuclear “até pelo menos a conclusão de Angra 3”. Nas costas da camiseta, as frases “Não aos agrocombustíveis, Não às árvores transgênicas”

“Para a sociedade civil internacional, está bem claro: a CDB não será palco para o Brasil defender o etanol, com promessas de sustentabilidade. Os efeitos cumulativos do agronegócio no país e a expansão massiva das monoculturas são inegavelmente o maior vetor do desmatamento e de destruição de ecossistemas no Brasil. A expansão dos agrocombustíveis, da maneira como está sendo conduzida pelo Governo Brasileiro, só vai agravar esta situação”, destaca Camila Moreno, da Terra de Direitos.

Para Luiz Zarref, da Via Campesina “a expansão das monoculturas e dos transgênicos destrói a agrobiodiversidade, da qual depende a base da alimentação da humanidade. Nós, camponeses e camponesas de todo o mundo queremos ter o direito de seguir utilizando e preservando a agrobiodiversidade. A agrobiodiversidade é nossa vida. Não permitiremos que a extinguam ou a privatizem.”

Ann Peterman, da Global Justice Ecology Project, organização estadunidense, alerta que “o próprio secretariado da CDB reconhece que os riscos das árvores transgênicas são gravíssimos. Diante disso, a única postura coerente desta conferência seria o banimento total inclusive dos experimentos em curso.”

Miguel Lovera da Global Forest Coalition “A CDB está num momento crítico. Os países têm que assumir medidas efetivas e urgentes para mudar radicalmente os padrões de produção e consumo. O momento atual, como demonstra a atual crise alimentar global, não permite perder tempo com falsas soluções, que somente agravarão os problemas ambientais e sociais”.