Sem Terra ocupam Incra em Brasília

Cerca de 600 trabalhadores e trabalhadoras do MST, MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados) e MATR (Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural) ocuparam, nesta segunda-feira (28/07), o prédio da Superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Brasília.

Os Sem Terra denunciam que a Reforma Agrária está parada no Distrito Federal, e reivindicam a reestruturação da autarquia, com o assentamento de 1.800 famílias acampadas na região e a liberação de créditos, convênios e recursos para os assentamentos.

“A superintendência do Incra no Distrito Federal está sucateada. As pautas dos movimentos sociais não são encaminhadas. Existem áreas que foram liberadas para a Reforma Agrária há mais de cinco anos, por exemplo, mas que nunca receberam investimento algum para a efetivação dos assentamentos”, afirma Augusto Lima, da coordenação do MST no Distrito Federal.

A ação integra a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, realizada em torno do Dia do Trabalhador Rural, 25 de julho, para denunciar a lentidão no processo de criação de assentamentos, as promessas não cumpridas e a prioridade do governo ao modelo do agronegócio. As ações condenam também a criminalização dos movimentos sociais, especialmente no Rio Grande do Sul e no Pará.

“A Reforma Agrária está parada em todo o país. Exigimos o assentamento das famílias acampadas e um programa de agroindústrias para nossas áreas”, afirma José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST. “Só a Reforma Agrária pode resolver o problema da crise do preço dos alimentos, com o fortalecimento de um modelo de produção baseado em pequenas e médias propriedades, que produzem 70% dos alimentos consumidos no país”.

“Queremos denunciar também o processo de criminalização dos movimentos sociais, que impede a discussão sobre o futuro da agricultura e enfraquece a democracia no país”, afirma Batista. No Rio Grande do Sul, o Ministério Público do estado aprovou relatório que pede a dissolução do Movimento. No Pará, o dirigente da CPT José Batista foi condenado à prisão por participar de protesto no Incra.