MAB repudia concessão de licença para UHE Santo Antônio

Em 10 de dezembro do ano passado, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) amanheceu ocupada por atingidos por barragens, sem-terra, pequenos agricultores e urbanos. Os trabalhadores protestavam contra o leilão de concessão do aproveitamento energético da primeira hidrelétrica do Complexo Madeira, a Santo Antônio, que aconteceu naquele mesmo dia, a portas fechadas.

Ontem (11/8), sem muito destaque na mídia – como se fosse natural deixar que empresas privadas explorem um rio para fins lucrativos – o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concede a licença de instalação da hidrelétrica. Além disso, nesta terça-feira (12/8), um consórcio liderado por uma transacional franco-belga (Suez Energy) assina o contrato de concessão da hidrelétrica de Jirau, a segunda do Complexo Madeira, em cerimônia no Palácio do Planalto.

Para o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), estes projetos hidrelétricos, que vêm sendo discutidos desde 2000, fazem parte de um plano maior de saqueio da Amazônia. No governo Lula, estes projetos passaram a ser prioritários no setor energético do país. O risco de apagão é um pretexto e a realização das obras significa abrir hidrovias para o escoamento das riquezas minerais que estão na região, além de garantir o funcionamento da indústria da barragem, com a venda de turbinas, máquinas e equipamentos. “As comunidades atingidas repudiam a construção desta usina, será um desastre para a população, no entanto o consórcio engana a população ao afirmar que as barragens trarão progresso. Sabemos que isso nunca acontece e a população fica na miséria. Não ficaremos parados, haverá reação popular”, alerta Josivaldo de Oliveira, da coordenação do MAB em Rondônia.

O consórcio Madeira Energia, dono da UHE Santo Antônio é formado por Odebrecht, Furnas, Cemig, Banco Santander, entre outros. Segundo cálculos do MAB, baseado no preço da energia no mercado internacional, os donos de Santo Antônio e Jirau vão faturar, juntos, em média, R$ 525.000 mil por hora, com a venda da energia proveniente dessas barragens.