CMS defende demarcação de terras indígenas no MS

Do Cimi*

Diferentes organizações sociais do Mato Grosso de Sul, nucleados na Coordenação de Movimentos Sociais (CMS), tomaram a decisão de apoiar ativamente a exigência de demarcação de territórios dos indígenas Guarani Kaiowá e também respaldar os trabalhos dos antropólogos que integram os Grupos Técnicos de Identificação de Terras Indígenas (GTs).

A decisão foi tomada a partir da necessidade de rebater várias falácias que estão sendo colocadas seja pelo próprio governador, André Puccinelli, por parlamentares vinculados aos ruralistas ou por organizações que agrupam os representantes do agronegócio, como a Federação de Agricultura e Pecuária (FAMASUL) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Segundo os movimentos sociais do Mato Grosso do Sul, é falsa a informação de que 14 milhões de hectares de terras serão tiradas da população para serem entregues aos Guarani Kaiowá, com as demarcações que serão feitas pela Funai e Ministério Público Federal. Também afirmam que não é verdade que 26 municípios deixarão de existir e que 700 mil pessoas serão retiradas de suas casas. Colocam igualmente que é um “discurso mentiroso” a informação de que a demarcação de terra indígena na faixa de fronteira afetaria a soberania nacional.

A critério da Coordenação de Movimentos Sociais (CMS) do Mato Grosso do Sul, “muitos absurdos” estão sendo colocados perante a opinião pública nacional e do estado por grupos poderosos vinculados ao latifúndio e ao agronegócio, em primeiro lugar pelo próprio governador, com a clara intencionalidade de pôr à população e especialmente os próprios trabalhadores e camponeses contra os direitos indígenas.

Ante essa situação, a CMS começou a mobilizar-se e decidiu apoiar os povos indígenas na atual conjuntura. A Coordenadação afirma que os estudos que estão sendo feitos são a implementação de um trabalho científico que tem como objetivo buscar a verdade. O resultado que se busca é justamente definir qual é a situação fundiária das áreas historicamente ocupadas pelos povos Guarani Kaiowá e Guarani Nhandeva e que foram usurpadas recentemente pela expansão das fronteiras agrícolas; questão que levou a morte para milhares de indígenas, ocasionou desagregações familiares, culturais e comunitárias, causando um verdadeiro genocídio.

Igualmente é questionado o fato de que os grupos contrários às demarcações estão se posicionando contra um estudo que, pautado pela Constituição Federal, busca respostas e soluções para todas as partes.

De acordo com as organizações sociais, o que se verifica é a falta de interesse político em resolver a situação, impedindo a proteção de terras que serão incorporadas ao patrimônio da União para a necessária devolução aos indígenas de suas terras para garantir a vida e devolver a dignidade aos povos Nhandeva e Kaiowá. Para os movimento sociais, o que está primando na atitude dos grupos poderosos é uma mentalidade feudal que visa só o lucro desenfreando em detrimento de direitos humanos fundamentais e cuja clara intencionalidade é assegurar mais terras para a pecuária e a monocultura. Os estudos antropológicos que pretendem demarcar as terras indígenas “estão longe do quadro apocalíptico que pinta o pequeno grupo aliado do capital e do agronegócio. A campanha contrária às demarcações está sendo levada propositalmente para gerar animosidade e discórdia contra os índios”, disseram os representantes dos movimentos sociais do Mato Grosso do Sul.

* Conselho Indigenista Missionário