Entidades fazem ato solidário à Bolívia em Brasília

Organizações de classe, movimentos sociais e partidos de esquerda promovem ato em defesa dos povos da Bolívia nesta sexta-feira (26/09), em frente à Embaixada dos Estados Unidos, a partir das 10h. Antes, às 9h, uma comissão se reunirá com o embaixador boliviano René Mauricio Dorfler Ocampo, a quem será entregue uma carta de solidariedade.

Nas últimas semanas, uma escalada de violência tomou o leste da Bolívia. Grupos civis, liderados pelos auto-intitulados “comitês cívicos” e pelos governadores oposicionistas de cinco departamentos (estados) – em coordenação com a Embaixada dos Estados Unidos – implementaram o estado de terror em muitas cidades do oriente boliviano. Escritórios do governo federal foram atacados, destruídos e roubados, feiras e mercados populares de indígenas foram saqueados. No mais agressivo dos ataques, pelo menos 30 pessoas foram mortas por grupos armados no departamento de Pando.

Com o recrudescimento da violência, o presidente expulsou o embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg, que se reunira 15 dias antes dos ataques, a portas fechadas, com o governador Rúben Costas, de Santa Cruz, que faz oposição ao governo. Goldberg representou os Estados Unidos na Bósnia de 1994 a 2000 e no Kosovo de 2004 a 2006, incentivando o desmembramento da Iugoslávia. No ano passado, posou em uma foto ao lado de um paramilitar colombiano.

“Nós, povos latino-americanos e organizações sociais, temos o dever de fazer uma grande mobilização em solidariedade ao Evo Morales para que ele consiga intensificar as reformas em favor do povo boliviano, especialmente o povo índio e mestiço, que foram os grandes prejudicados nesses 500 anos. Agora se trata de fortalecer do governo, que no referendo teve mais de 60%, ou seja, o povo está com ele e quer mudanças”, afirma o integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina Egídio Brunetto.

Um dos argumentos para justificar as ações contra o governo é a mudança nos contratos que regulam os repasses referentes à renda de gás e petróleo aos departamentos boliviano. O governo de Evo Morales criou o programa “Renda Dignidade”, uma bolsa no valor de 20 dólares mensais para todos os maiores de 60 anos.

O programa é financiado por 30% do total do imposto sobre o petróleo, que são destinados ao governo nacional, departamentos e municípios. Em termos absolutos, os recursos dos departamentos não diminuíram. Com política de nacionalização dos recursos naturais de Evo Morales, o orçamento quintuplicou, de 287 milhões em 2004 para 1,57 bilhão de dólares em 2007.

Os departamentos de Santa Cruz e Tarija, apesar de reclamarem das mudanças e fomentarem um golpe contra o presidente, na verdade foram beneficiados com a medidas. A arrecadação com os impostos sobre o petróleo do departamento de Santa Cruz quadruplicou de 29 milhões para 118 milhões de dólares e o de Tarija aumentou de 66 milhões para 237 milhões.

Na próxima segunda-feira (29/09), uma comissão da Unasul (União de Nações Sul- Americanas) irá à Bolívia para investigar o massacre ocorrido em Pando.

As entidades que convocam o ato são Via Campesina, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), CÁRITAS, Grito dos Excluídos Continental, Consulta Popular, CUT, UNE, Intersindical, Conlutas, SINDPREV-DF, CELA, MDD, PSOL, PC do B, PCB, UJS, DCE-UNB, Assembléia Popular DF, Movimento Olho na Justiça e Assera.