Pistoleiros agridem trabalhadores rurais no Maranhão

A situação na Fazenda Cipó Cortado, em Senador La Roque, no Maranhão, é muito crítica. O clima de tensão aumentou nestes últimos dias, depois que pistoleiros que aterrorizam há quase um ano as famílias do acampamento Roseli Nunes seqüestraram dois trabalhadores acampados.

O caso aconteceu na última quarta-feira (5/11). Após serem sequestrados, os trabalhadores foram levados até a sede da fazenda, onde foram foram interrogados sob a mira de armas de fogo apontadas para suas cabeças. Os jagunços procuravam obter informações sobre as lideranças do acampamento e do MST na região.

A Cipó Cortado está ocupada por 250 famílias Sem Terra desde novembro de 2007. A fazenda é uma das 12 propriedades que compõem a Gleba Boca da Mata Berreirão. Em junho deste ano, a Justiça Federal decretou a desapropriação da gleba de 114 mil hectares e cedeu sua posse ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Porém, até hoje a área não foi retomada pelo órgão por conta resistência impune dos latifundiários.

Risco de Conflito

Os fazendeiros das áreas Cipó Cortado, Rollete, Boca da Mata e Barreirão contrataram um grupo de pistoleiros que tem como chefe Zé Bomfim, jagunço responsável pela morte de muitos trabalhadores em conflitos de terra na região, durante as décadas de poderio da UDR (União Democrática Ruralista). Há ainda informações de que um sargento e três policiais reformados estão orientando a milícia.

O Incra e o Comando da Polícia já foram comunicados sobre os últimos acontecimentos e sabem que há muito a situação é tensa, porém até agora ninguém agiu.

O decreto que reintegra a posse da gleba ao Incra deu 30 dias para que os fazendeiros desocupassem a área. Livres pela cegueira da Justiça, armaram-se e mandaram um recado para o acampamento: podiam perder as terras, mas as lideranças do acampamento perderiam a vida.