Mais um massacre no campo permanece impune

O episódio conhecido como Chacina de Unaí completou cinco anos de impunidade nesta quarta-feira (28/01). Desde janeiro de 2004, os mandantes do assassinato de quatro fiicais que libertavam trabalhadores escravos na região Noroeste de Minas Gerais continuam em liberdade.

Nesta semana, o Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho) e a Aafit (Associação de Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais) realizaram diversas manifestações para protestar contra a demora na resolução do caso.

Em entrevista a Radioagência Notícias do Planalto, o vice-presidente do Sinait, Carlos Alberto Teixeira Nunes, enfatizou a importância da pressa na punição dos culpados. “Não foi um crime comum, foi um atentado contra o Estado brasileiro. Por quê? Porque aqueles servidores que estavam fiscalizando naquela região de Minas, estavam não em nome próprio, estavam em nome do Estado. Foi um crime de natureza especial. É preciso dar uma resposta dura aos agressores”, ponderou.

Como aconteceu
Do Blog do Sakamoto

Em 28 de janeiro de 2004, quatro, funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego, foram assassinados enquanto realizavam uma fiscalização rural de rotina na região de Unaí, Noroeste de Minas Gerais. O motorista Aílton Pereira de Oliveira, mesmo baleado, conseguiu fugir do local com o carro e chegar à estrada principal, onde foi socorrido. Levado até o Hospital de Base de Brasília, Oliveira não resistiu e faleceu no início da tarde. Antes de morrer, descreveu uma emboscada: um automóvel teria parado o carro da equipe e homens fortemente armados teriam descido e fuzilado os fiscais. Erastótenes de Almeida Gonçalves, Nelson José da Silva e João Batista Soares Lages morreram na hora. O caso ganhou repercussão na mídia nacional e internacional.

Posteriormente, foram apontados como mandantes dos assassinatos os fazendeiros Norberto e Antério Mânica, que figuram entre os maiores produtores de feijão do mundo. Ambos chegaram a ser presos, mas hoje respondem ao processo em liberdade. Após isso, Antério foi eleito (2004) e reeleito (2008) prefeito de Unaí pelo PSDB, ganhando e mantendo fórum privilegiado.

O inquérito entregue à Justiça afirmou que a motivação do crime foi o incômodo provocado pelas insistentes multas impostas pelos auditores. Nelson José da Silva seria o alvo principal. Ele já havia aplicado cerca de R$ 2 milhões em infrações à fazenda dos Mânica por descumprimento de leis trabalhistas.

Também estão envolvidos os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva (o Júnior), Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda; o contratante dos matadores, Francisco Élder Pinheiro (conhecido como “Chico Pinheiro”) e os intermediários Humberto Ribeiro dos Santos, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.