MST protesta contra fechamento de Escolas Itinerantes

Educadores e educandos das Escolas Itinerantes de acampamentos do Movimento Sem Terra protestam nesta manhã contra o fechamento de escolas pela Governadora Yeda Crusius e pelo Ministério Público Estadual. Em Canoas, como forma de protesto, os educadores realizarão as aulas da Escola Itinerante dentro da Coordenadoria Estadual de Educação. Outros protestos devem ocorrer também em Carazinho, Pelotas, Santa Maria, Santana do Livramento e São Luiz Gonzaga.

As Escolas Itinerantes beneficiavam 600 crianças e foram fechadas numa decisão autoritária da Governadora do Estado e do Ministério Público sem consulta aos pais, educadores e alunos. No ano passado, o Governo do Estado já havia atrasado em 9 meses os salários dos educadores e não realizava a entrega de material didático.

O Governo do Estado determinou a transferência das crianças acampadas para escolas nos municípios onde estão os acampamentos. Mas alguns prefeitos já se manifestaram contra a decisão, alegando não possuírem recursos para receberem as crianças.

O Prefeito de São Gabriel Rossano Gonçalves (PDT), notório critico do MST, já declarou que prefere que as escolas itinerantes atendam as crianças do município. As Escolas itinerantes custam R$16 mil ao Governo do Estado, apenas São Gabriel precisaria desembolsar R$48 mil em transporte escolar para atender as crianças.

Contêiner vira sala de aula
Do Pioneiro

Além de rever colegas, o primeiro dia de aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Ismael Chaves Barcellos, em Galópolis, na região de Caxias do Sul (RS) serviu para que cerca de 200 alunos conhecessem as novas salas: contêineres de metal alugados pelo Estado. Parte do colégio foi atingida por um incêndio em setembro e, como não há previsão de quando a reforma será feita, a solução encontrada pelo governo foi o improviso. A escola tem quase 500 alunos.

No dia 3 de setembro um incêndio atingiu uma sala que servia como depósito junto à biblioteca, no primeiro andar, e a escada de madeira que dá acesso ao segundo piso. Como a escada foi interditada, não foi mais possível utilizar o segundo pavimento. Até o final do semestre passado, os estudantes das salas atingidas tiveram aula no antigo cinema de Galópolis. Mas o espaço era inadequado: não havia pátio para brincadeiras e duas turmas dividiam o mesmo ambiente sem paredes que os isolassem.

Ontem, no primeiro dia de aula, oito turmas, quatro pela manhã e outras quatro à tarde, tiveram como novo endereço os contêineres instalados no pátio em frente ao prédio da escola. Pela manhã, os alunos de duas 5ªs uma 4ª e uma 7ª estão no local. Na parte da tarde, os pequenos de duas 3ªs, um 3º ano (equivalente à 2ª série) e um 2º ano (equivalente à 1ª série) são os estudantes das salas de metal. O prédio de um andar formado pelos contêineres tem um corredor que divide duas salas para cada lado. O teto é de zinco. Cada sala, toda revestida com forro PVC, mede 6 x 7 metros, totalizando 42 metros quadrados. Os espaços têm três janelas basculantes de um lado e duas de outro e são iluminados por seis conjuntos de fluorescentes. Cada turma tem entre 20 e 29 alunos. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, o custo mensal do aluguel é de R$ 9,5 mil. O contrato para 180 dias totaliza R$ 57 mil.

A preocupação da diretora, Sonia Beatriz Sbersi, é com dias de sol, que trarão muito calor às salas metálicas. Dias de chuvas forte também devem causar barulho que atrapalhará as aulas. “Fechei a porta no começo da aula, mas não deu para ficar fechada – diz a professora Lucimar Albeche.”

A professora Vainer Formolo, 57, dá aula para 29 estudantes em uma das salas-contêineres. “A vantagem é que isola a acústica. Mas é muito abafado.”