MST reocupa engenho onde Sem Terra foi assassinado

Na manhã de hoje, cerca de 100 famílias Sem Terra, lideradas pelas mulheres, reocuparam o Engenho Manguinhos, em São José da Coroa Grande, litoral sul de Pernambuco, onde, em 2004, o Sem Terra Josuel Fernandes da Silva foi assassinado por seguranças do Engenho.

As mulheres Sem Terra, junto com suas famílias, protestam contra a morosidade do Incra, que ainda não vistoriou a área visando sua desapropriação, e a impunidade da morte de Josuel.

No dia 16 de dezembro de 2004, Josuel foi arrastado de sua casa no acampamento do MST por dois homens encapuzados, torturado e morto a tiros. Josuel foi levado ao hospital ainda com vida, mas não resistiu.

Apesar de ter reconhecido um dos assassinos antes de morrer, ninguém está preso e o suposto mandante do crime, Roberto Bezerra de Melo Neto, o Beto de Manguinhos, sequer foi citado no inquérito policial.

Depois do assassinato de Josuel o Incra prometeu fazer a vistoria da área, mas até hoje não há nenhum resultado concreto. Em dezembro de 2005 a área foi ocupada novamente e dias depois o acampamento do MST foi incendiado no meio da madrugada, por ordem de Beto de Manguinhos.
O ano passado os trabalhadores mais uma vez reocuparam a área e foram despejados em seguida.

O engenho Manguinhos fazia parte da Usina Central de Barreiros, que faliu em 1988, deixando centenas de camponeses e camponesas sem receber direitos trabalhistas. O engenho tem cerca de 1.800 hectares. O MST reivindica a área desde 1998, junto com moradores não indenizados com a falência da usina.