Sem Terra sofrem ameaça de despejo no Pontal

Seguem no interior de São Paulo as ocupações promovidas pelo MST exigindo Reforma Agrária e em memória dos Sem Terra chacinados em Eldorado dos Carajás, em 1996. Na região do Vale do Paraíba, as 250 famílias permanecem acampadas desde o dia 17 de abril para denunciar a utilização displicente dos 300 hectares de terras da fazenda Guassahy.

O local é de propriedade da prefeitura do município de Taubaté, que usa o espaço para especulação, negociando a cessão da área com grandes grupos empresariais, em transações não transparentes e que nada trouxeram de efetivo para a região. Um grande ato público em defesa da Reforma Agrária será realizado nesta sexta-feira (24/4) para denunciar o descaso da prefeitura e convencer as autoridade que a destinação da área deve ser para assentamentos de famílias.

Em Itararé, as 200 famílias que estão mobilizadas desde o dia 15 deste mês, na fazenda Ibiti, promoveram, na manhã desta quarta-feira (22/4), um ato na Praça São Pedro com objetivo de dialogar com a sociedade local sobre a Reforma Agrária.

A marcha das famílias contou com a participação de representantes de entidades, escolas, igrejas e do poder público dos municípios de Itararé, Itapeva e Itaberá. Os Sem Terra doaram alimentos produzidos pelos assentados na região para os moradores da cidade. A ordem de desapropriação da terra já está em poder da Polícia, que se mobiliza para retirar os Sem Terra do local.

Na região do Pontal do Paranapanema, no município de Iepê, os 500 trabalhadores do MST seguem acampados na área da fazenda Santa Lúcia, do Grupo Atala desde a última sexta-feira (17/4).

As terras do grupo sucroalcooleiro, que também atua no norte do Paraná, passam de 20 mil hectares em todo estado de São Paulo, e são destinadas à usinas e ao cultivo de cana de açúcar. Neste momento, a Polícia Militar também se organiza para realizar o despejo das famílias que estão na área.

As ocupações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, momento em que o MST reafirma sua indignação pelos 13 anos de impunidade aos assassinos de Eldorado dos Carajás, o compromisso de luta contra o agronegócio e o assentamento das 100 mil famílias acampadas no Brasil inteiro.