Segundo dia de Jornada mobiliza trabalhadores de 11 estados

A jornada de lutas do MST, que cobra do governo federal a realização da Reforma Agrária e o fortalecimento dos assentamentos, mobilizou trabalhadores de 11 estados nesta quarta-feira (12/8), com a manutenção de ocupações de superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em sete estados, além de marchas e protestos.

A jornada de lutas do MST, que cobra do governo federal a realização da Reforma Agrária e o fortalecimento dos assentamentos, mobilizou trabalhadores de 11 estados nesta quarta-feira (12/8), com a manutenção de ocupações de superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em sete estados, além de marchas e protestos.

O MST está fazendo nesta semana uma jornada de lutas, na qual exige o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra para este ano e aplicação na desapropriação e obtenção de terras, além de investimentos no passivo dos assentamentos. As ações também reivindicam a atualização dos índices de produtividade, intocados desde 1975, e investimentos para o fortalecimento dos assentamentos na áreas de habitação, infra-estrutura e produção agrícola. Parte significativa das famílias acampadas do MST está à beira de estradas desde 2003 e 45 mil famílias foram assentadas apenas no papel.

Na quinta-feira, às 10h, as entidades organizadoras as centrais sindicais, movimentos populares e organizações de estudantes, que fazem uma grande manifestação contra a crise econômica e as demissões, dentro de uma jornada de lutas nacional organizada por mais de 20 entidades, concedem entrevista coletiva à imprensa no Palácio dos Trabalhadores, da Força Sindical, com a participação do integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stedile.

PROTESTOS:

Em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, cerca de 100 integrantes do MST ocuparam o escritório do Incra, 700 Sem Terra ocuparam a fazenda Southall e mais 300 pessoas ocuparam o prédio da Prefeitura do município. As famílias reivindicam da prefeitura e do Incra as melhorias em infra-estrutura no assentamento criado na cidade no final de 2008, em parte da Fazenda Southall que foi desapropriada pelo Incra.

Além disso, exigem que o governo federal desaproprie o restante da fazenda de 9,2 mil hectares. No final de 2008, o Incra desapropriou 5 mil hectares da fazenda. A Fazenda Southall não cumpre com a sua função social e, por isso, deve ser desapropriada. Em uma vistoria no ano de 2007, o Incra constatou crimes ambientais na área. Além disso, o proprietário Alfredo Southall possui dívidas com a União que correspondem ao valor de mercado da fazenda.

Em Boa Vista, cerca de 800 manifestantes ligados ao MST, ao Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), à Comissão Pastoral da Terra (CPT), à Fetag e aos sindicatos de professores continuam acampados na sede do Incra, em Roraima.

Em Salvador, cerca de 600 integrantes do MST continuam a ocupação na superintendência do Incra, em protesto contra os cortes do orçamento da Reforma Agrária e em defesa do assentamento das 28 mil famílias acampadas em todo o estado.

Em Belém, 850 trabalhadores do MST seguem com a ocupação do Incra, que começou ontem. Na terça-feira à tarde, foi ocupada a delegacia do Ministério da Fazenda, depois de sete dias de marcha de 200 km, do município de Irituia até a capital do estado, pela rodovia Belém-Brasília.

Em Natal, 600 Sem Terra seguem ocupação do Incra, cobrando o assentamento das 2.000 famílias acampadas no Rio Grande do Norte. Nesta quinta-feira, às 11h, o MST será recebido em audiência com a governadora Wilma de Faria (PSB). Na sexta-feira, a expectativa é fazer um grande ato contra a crise. “Vamos parar Natal na sexta-feira à tarde”, avalia Fatima Ribeiro, da coordenação nacional do MST.

Em Petrolina, cerca de 150 famílias do MST continuam com a ocupação da sede do Incra, no Sertão do Estado, para fortalecer as reivindicações da marcha estadual. Os 2.500 trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra de Pernambuco caminharam 70 km e chegaram nesta quarta-feira em Recife.

Em Fortaleza, 200 Sem Terra continuam com ocupação no Incra, na Avenida José Bastos. Foram realizados protestos em mais três municípios do Ceará.

Em Goiânia, cerca de 2.000 pessoas do MST e do Fórum Estadual pela Reforma Agrária fizeram ato na Assembléia Legislativa em defesa da Reforma Agrária e de educação, saúde e assistência técnica nos assentamentos do estado.

Em São Paulo, os 1.000 trabalhadores rurais da marcha do MST fizeram um ato em frente ao Tribunal Regional Federal (TRF), à tarde, para denunciar que o Poder Judiciário está prejudicando a criação de assentamentos no estado de São Paulo, por conta de processos contra a desapropriação de latifúndios pelo Incra. “Há uma série de latifúndios improdutivos desapropriados pelo Incra que não podem se transformar em assentamentos por causa de ações na Justiça que atrasam a Reforma Agrária em São Paulo”, afirma a integrante da coordenação nacional do MST, Soraia Soriano.

Em Florianópolis, o MST participou de ocupação de área de 200 hectares, no bairro de Canavieiras, pela manhã, para denunciar que o governo do Estado cedeu esse terreno há 30 dias para dois grupos empresariais do ramo de hotelaria, enquanto descumpre os compromissos de garantia de moradia, saneamento básico e fornecimento de energia à população da periferia da cidade. No período da tarde, os manifestantes saíram a área. Mais de 400 pessoas participam do ato, organizado pelos Sem Terra em conjunto com os sindicatos de bancários, servidores públicos, servidores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trabalhadores na área de pesquisa e estatística, estudantes e o Movimento Passe Livre.

No Mato Grosso do Sul, divididos em duas colunas, 850 Sem Terra seguem a marcha iniciada no sábado, que chegará sexta-feira à capital Campo Grande. Com o lema “Terra, Trabalho e Soberania”, a 6ª Marcha Estadual alerta sobre necessidade da Reforma Agrária para a construção de uma alternativa à crise econômica.

No Ceará, cerca de 600 pessoas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Ceará ocupam a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário (SDA). Os manifestantes são atingidos pelas barragens de Acauã e Aracoiaba, no vale do Jaguaribe, e pela barragem de Aracoiaba, no Maciço do Baturité. Eles reivindicam o perdão da dívida dos pequenos agricultores, terra para assentamento dos filhos dos atingidos por barragens, assistência técnica para os reassentamentos, e acesso a água, entre outros pontos. Também exigem uma reunião com o Denocs, Incra, SDA e Secretaria de Recursos Hídricos como condição para deixarem o espaço.