Intervozes saúda o Acampamento Nacional do MST

O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social saúda a realização do Acampamento Nacional do MST e as primeiras conquistas decorrentes desta mobilização. A reunião dos cerca de 3.000 trabalhadores e trabalhadoras sem terra em Brasília neste agosto de 2009 gerou alguns importantes compromissos por parte do governo federal – que, em nossa expectativa, devem ser efetivados e inclusive ampliados.

O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social saúda a realização do Acampamento Nacional do MST e as primeiras conquistas decorrentes desta mobilização. A reunião dos cerca de 3.000 trabalhadores e trabalhadoras sem terra em Brasília neste agosto de 2009 gerou alguns importantes compromissos por parte do governo federal – que, em nossa expectativa, devem ser efetivados e inclusive ampliados.

Defensor da efetivação do direito humano à comunicação como um direito fundamental, o Intervozes compartilha da visão que trata a luta pela Reforma Agrária como meio para realização dos direitos humanos à alimentação, moradia, educação, trabalho e ao meio ambiente sustentável, entre outros relacionados à vida no campo.

Acreditamos, ainda, que a luta pela democratização da comunicação é parceira das demais lutas e que a construção de uma sociedade igualitária, solidária e justa passa por transformações não só na comunicação, mas no atendimento a todos os direitos e sonhos de nosso povo.

Por isso, saúdamos a Jornada de Lutas que os movimentos sociais e entidades organizadas realizaram ao longo de agosto no Brasil, e que contou com a participação do Intervozes e de outras entidades que lutam pela democratização da comunicação. Uma jornada marcada por inúmeras mobilizações em nosso país. Uma jornada marcada pela unidade, pela solidariedade nacional e internacional – sobretudo aos companheiros e companheiras do Haiti e Honduras –, e, ainda, pela união entre o povo do campo e da cidade.

Para o Intervozes, os comunicadores que lutam por outro Brasil tem muito a aprender na escola das ruas, do campo, dos atos, das lutas, do povo. A relação de diálogo, de aprendizado e de troca com a população em geral é fundamental para que consigamos, ao lado da sociedade, retratar nossa realidade, transmiti-la, comunicá-la, transformá-la.

Sabemos que não é assim que pensam os coronéis do agronegócio, das concessões de televisão e rádio, da política e do poder no Brasil – muitas vezes as mesmas figuras. Sabemos que ainda são mais de 90 mil famílias acampadas no país, esperando pela Reforma Agrária. E que a grande maioria da mídia corporativa não é favorável a mudanças que favoreçam as parcelas mais amplas de nossa população, os mais pobres e marginalizados em geral. Pelo contrário, sabemos que tal mídia opta por até criminalizar e ridicularizar as lutas e respectivas propostas de mudança.

Uma criminalização que possui base ideológica e política. Composta, pelo menos, por três dimensões: uma dimensão cultural e simbólica no noticiário e conteúdos gerais da grande mídia; outra dimensão, jurídica, nos tribunais, que não respeitam sequer o princípio da função social da propriedade, entre outros valores constitucionais; e, por fim, a dimensão coercitiva, através da repressão armada e muitas vezes letal por parte tanto das forças do Estado quanto por milícias, pistoleiros e outros tipos de agentes privados. Neste 21 de agosto, tombou mais uma vítima dessa criminalização: o sem terra Elton Brum da Silva foi morto em São Gabriel(RS), durante um despejo violento promovido pela Polícia Militar do RS. Nosso pesar pela passagem de mais um lutador brasileiro e nosso repúdio à ação dos policiais gaúchos, comandados pela governadora Yeda Crusius, frente aos movimentos e entidades populares.

Neste quadro de grande complexidade e desafios, temos dialogado com as companheiras e companheiros acerca da realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, prevista para o início de dezembro em Brasília. Contamos com o MST e com os demais movimentos e entidades do país para fortalecer os debates e mudanças que a sociedade anseia por realizar a partir da conferência. Mudanças que os grandes empresários da mídia, certamente, não querem que aconteçam. Mas que o povo, junto, vai fazer.

Saudações aos trabalhadores e trabalhadoras sem terra. Admiração, fraternidade e companheirismo!

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social