Sem Terra continuam jornada de lutas no Pará

O MST do Pará continua a jornada de lutas contra a lentidão do processo de Reforma Agrária, pelo assentamento das 2 mil famílias acampadas no estado e por obras de infra-estrutura nos assentamentos antigos. Os protestos denunciam o uso de milícias armadas pelo latifúndio e defende a agilização da retomada de terras griladas. "A retomada das terras griladas está parada e os latifundiários estão utilizando milícias armadas para intimidar as famílias Sem Terra", denuncia integrante da coordenação nacional do MST, Maria Raimunda César.

O MST do Pará continua a jornada de lutas contra a lentidão do processo de Reforma Agrária, pelo assentamento das 2 mil famílias acampadas no estado e por obras de infra-estrutura nos assentamentos antigos.

Os protestos denunciam o uso de milícias armadas pelo latifúndio e defende a agilização da retomada de terras griladas. “A retomada das terras griladas está parada e os latifundiários estão utilizando milícias armadas para intimidar as famílias Sem Terra”, denuncia integrante da coordenação nacional do MST, Maria Raimunda César.

Nesta quinta-feira (5/11), mais de mil famílias chegaram ao acampamento na Curva do S, palco do Massacre de Eldorado dos Carajás. Os Sem Terra devem permanecer até dia 13 de novembro no local, quando terminarem as
negociações com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Cerca de 400 Sem Terra fizeram um protesto na estrada que liga os municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás para cobrar a retomada de áreas griladas na região.

No município de Tucuruí, cerca de 70 famílias ocupam o Incra em protesto contra a invasão de um assentamento por madeireiros, que estão fazendo o corte de madeira. No começo do ano, o Incra desapropriou a fazenda Piratininga, no município de Tucuruí, que seria organizado no modelo extrativista. Em vez de lotes, as 120 famílias morariam em uma agrovila e trabalhariam de forma coletiva nas terras, por meio de técnicas ecológicas. As terras do assentamento foram invadidas por jagunços armados, a mando de madeireiros, que estão fazendo o corte da madeira e a devastação das terras.

“Estamos cobrando uma atitude das autoridades diante da violência dos madeireiros. As famílias do MST foram obrigadas a sair do assentamento porque não tinham tranqüilidade para trabalhar e para impedir que a culpa do desmatamento recaísse sobre o nosso movimento”, denuncia a integrante da coordenação nacional do MST Maria Raimunda.

No município de Sapucaia, cerca de 250 famílias fizeram um ato na sede da fazenda Rio Vermelho, que tem parte ocupada desde 2006. O Incra fez a vistoria da área no ano passado e concluiu que a terra é da União. Os Sem Terra reivindicam a devolução da área. No momento, as famílias se encontram na beira da estrada e esperam que as autoridades responsáveis agilizem a retomada da terra.

Sobre acusações

O MST do Pará nega as acusações de depredação de duas fazendas ocupadas pelo Movimento nesta quarta-feira (4/11). “Fizemos protestos pacíficos para cobrar a retomada das áreas griladas. Não houve destruição nem
depredação. Os latifundiários querem estigmatizar os nossos protestos como violentos para impedir as lutas sociais e manter suas terras griladas”, esclarece Maria Raimunda.

Em relação às fotos divulgadas, a dirigente do MST questiona a autenticidade. “Não há nenhuma garantia de que as famílias do nosso movimento foram responsáveis pelo que está nas fotos nem que foram tiradas depois dos nossos protestos”.

Foi realizado um ato pacífico na sede da Fazenda Maria Bonita (Eldorado dos Carajás), do grupo Santa Bárbara, de ropriedade do banqueiro Daniel Dantas. Essa fazenda está ocupada desde julho de 2008 por 450 famílias que cobram a retomada da área que, de acordo com estudo do Iterpa (Instituto de Terras do Pará), é grilada. Depois do ato, as famílias fizeram um protesto na rodovia PA-150.

Na semana passada, quatro pessoas foram sequestradas por milícias armadas financiadas por latifúndiários e pelo agronegócio. Nos últimos meses, mais de 18 trabalhadores foram baleados por ações desses grupos. “Essas milícias são clandestinas e atuam no sentido de combater os movimentos sociais do campo e perseguir os trabalhadores acampados”, explica.