Mulheres da Via Campesina promovem ações em 19 estados

A Jornada de Luta contra o Agronegócio e contra a Violência: por Reforma Agrária e Soberania Alimentar mobilizou 19 estados brasileiros. As mulheres da Via Campesina se somam à luta feminista durante a celebração do centenário do 8 de março e denunciam os malefícios do agronegócio contra a vida e o trabalho das camponesas.

A Jornada de Luta contra o Agronegócio e contra a Violência: por Reforma Agrária e Soberania Alimentar mobilizou 19 estados brasileiros. As mulheres da Via Campesina se somam à luta feminista durante a celebração do centenário do 8 de março e denunciam os malefícios do agronegócio contra a vida e o trabalho das camponesas.

Para Marina dos Santos, integrante da coordenação nacional do MST, o balanço mostra que as mulheres estão organizadas “no sentido de fortalecer a luta, dar visibilidade à condição na qual vivem, bem como exigir dos governos o cumprimento dos protocolos e pactos através de programas que beneficiem a agricultura camponesa, além de políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres”

Confira o que aconteceu estado por estado:

Em Alagoas, as manifestantes acamparam na praça dos Martírios, em Maceió, em frente ao Palácio do Governo do Estado. Em Arapiraca, cerca de 350 trabalhadoras da Via Campesina realizaram ato na praça Marques, Centro. Em Delmiro Gouveia, uma marcha discutiu a construção do Canal do Sertão, obra que deve privilegiar os grandes latifundiários, já que seu usufruto será comercial.

Na Bahia, mais de 1500 mulheres da Via Campesina, quilombolas e de outros movimentos do estado fizeram um acampamento na UFBA, voltado à formação política dentro dos temas da soberania alimentar e combate à violência à mulher, em especial à mulher negra. No dia 8/3, as camponesas se uniram às mulheres urbanas e realizaram uma grande marcha pelas ruas de Salvador.

No Ceará, mais de 400 mulheres acamparam em frente à indústria química Nufarm, no Novo Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. Elas fizeram protesto contra a fábrica, oitava maior produtora de agrotóxicos do mundo e exigem a desapropriação do terreno.

No Espírito Santo, na quarta-feira (10/3), cerca de 400 mulheres da Via Campesina e do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) saíram em marcha do trevo Maria Amélia, em São Mateus, em direção ao centro da cidade, onde realizaram um ato em frente ao Banco do Brasil. Elas também distribuíram um caminhão de alimentos para famílias de comunidades populares da região e doaram sangue para os hospitais locais.

Em Goiás, mais de 600 mulheres da Via Campesina fizeram uma caminhada contra o agronegócio no município de Rubiataba. Desde o dia 5/3, as camponesas estiveram reunidas em atividades de formação em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

As mulheres do Mato Grosso promoveram uma campanha de doação de sangue em frente aos correios e à Igreja Matriz, em Várzea Grande. As mato-grossenses se reuniram no Encontro Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais do estado, que é marcado por debates sobre a atual conjuntura, os impactos sociais, ambientais e econômicos do agronegócio e o papel da mulher na transformação da sociedade.

No Mato Grosso do Sul, 300 mulheres percorreram as ruas centrais de Campo Grande, com faixas, cartazes e megafones. As camponesas entregaram ao Incra local uma pauta de reivindicações para melhorias na área de educação, saúde, crédito para as mulheres do estado.

Em Minas Gerais, durante os dias 6, 7 e 8 de março, 500 mulheres acamparam na praça da Assembléia Legislativa. Elas se mobilizaram para denunciar a situação de opressão em que vivem por causa do agronegócio, da violência e do machismo.

Na Paraíba, 400 mulheres da Via Campesina marcharam pelas ruas do município de Sousa, sertão da Paraíba. Elas denunciaram o uso desenfreado de agrotóxicos pelo grupo Santana, grande empresa agrícola. Os maiores prejudicados são as famílias acampadas no pré- assentamento Isabel Cristiano.

No Paraná, cerca de 1.000 camponesas ocuparam a Usina Central Do Estado desde as seis horas da manhã na cidade de Porecatu (norte do Paraná). O ato denunciou a monocultura da cana e o trabalho escravo.

Em Pernambuco, cerca de 350 mulheres ocuparam a sede da Secretaria de Agricultura em Recife. As camponesas lembraram que Pernambuco é um dos estados com maior quantidade de conflitos agrários, mas que em dois anos nenhuma nova desapropriação chegou a ser efetivada. Mais 180 mulheres reocuparam, pela quinta vez, a Fazenda Uberaba, no município de Bonito, brejo pernambucano. Na terça-feira (9/3), mais de 90 famílias ocuparam o engenho Cachoeira Dantas, localizado no município de Água Preta, mata sul de Pernambuco.

No Rio de Janeiro, trabalhadoras da Via Campesina e do Comitê de Erradicação do Trabalho Escravo ocuparam a Usina Capim, em Ururaí, Campos dos Goytacazes. As manifestantes plantaram árvores no local que abriga o monocultivo da cana-de-açúcar. Em 2009, o estado liderou os índices de resgate de trabalhadores em situação análoga ao escravo. Foram 715 trabalhadores resgatados pelo Ministério Público do Trabalho, num total de 4.283 em todo o Brasil.

No Rio Grande do Sul, trabalhadoras da Via Campesina, do MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados), da Intersindical e do Levante da Juventude se mobilizaram desde o dia 3/3. As manifestantes promoveram palestras e ocuparam a Delegacia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Porto Alegre. Elas ainda se somaram aos estudantes e trabalhadores urbanos no dia 4/3 para uma vigília na reitoria da UFRGS em protesto contra a votação do projeto do Parque Tecnológico.

Em Rondônia, cerca de 200 mulheres da Via Campesina trancaram por uma hora a estrada de acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. Em Porto Velho, elas protestaram contra a construção das barragens no rio Madeira e todas as consequências negativas que as obras estão trazendo para a vida das mulheres.

Em Roraima , as atividades das mulheres da Via Campesina começaram com um dia de debates em 8/3 na cidade de Santa Elena do Uairén, na Venezuela, próximo à fronteira com o Brasil. Na terça-feira (9/3), teve início a “Marcha sem fronteira”, da qual participaram mulheres de 13 movimentos sociais do Brasil, além de escolas e entidades venezuelanas.

Em Santa Catarina, cerca de 5000 mulheres se mobilizaram nas cidades de Dionísio Cerqueira, Anita Garibaldi, Joaçaba, São Miguel do Oeste e Mafra, com seminários de formação e marchas.

Em São Paulo, 250 mulheres da Via Campesina participam da 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. Desde o dia 8/3, as mulheres marcham de Campinas a São Paulo com mobilizações nacionais simultâneas de diferentes tipos, formas, cores e ritmos para marcar o centenário da Declaração do Dia Internacional das Mulheres. Além disso, 150 mulheres ocuparam na manhã do dia 8/3 o Incra de Araraquara (SP). Em marcha, seguiram para a frente da empresa Cutrale, denunciando a grilagem de terras na região.

Em Sergipe, na quarta-feira (10/3), cerca de 1000 mulheres do MST acamparam na Praça Dr. Ranulfo Prata, em Aracaju. Elas doaram sangue e leite materno a hospitais locais e realizaram palestras sobre políticas públicas para mulheres e análise de conjuntura agrária. Na quinta-feira (11/3), as mulheres receberam a visita da médica cubana Aleida Guevara.

Em Tocantins, mais de 800 mulheres da região Amazônica e demais movimentos populares do Estado do Tocantins fizeram uma caminhada em defesa da vida, pelos direitos humanos e pela soberania alimentar.