Citado como mentor de cartel, Cutrale doou R$ 1,9 mi em 2006

A Suco Cítrico Cutrale Ltda doou R$ 1.933.500,00 para 42 candidatos nas eleições de 2006, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. A lista registra apenas doações legais declaradas pela empresa, de propriedade de José Luis Cutrale. Cutrale foi citado como mentor de um cartel na indústria de suco de laranja pelo empresário Dino Tofini, em entrevista publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (15/3) .

A Suco Cítrico Cutrale Ltda doou R$ 1.933.500,00 para 42 candidatos nas eleições de 2006, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. A lista registra apenas doações legais declaradas pela empresa, de propriedade de José Luis Cutrale.

Cutrale foi citado como mentor de um cartel na indústria de suco de laranja pelo empresário Dino Tofini, em entrevista publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (15/3) .

“Ele chamou as indústrias do setor para fazer uma composição, com o objetivo de comprar a laranja por um preço mais acessível para a indústria”, acusou Tofini, que também se beneficiou do esquema na década de 90. “Era um negócio cruel”.

Entre os candidatos que receberam doações da Cutrale para financiamento de campanha estão Antonio Pallocci Filho (R$ 50 mil), deputado e ex-ministro da Fazenda; Arlindo Chinaglia (R$ 25 mil), deputado petista e ex-líder do governo na Câmara; e José Aníbal (R$ 25 mil), deputado do PSDB de SP e ex-líder tucano na Câmara.

Também receberam doações José Sarney Filho (R$ 100 mil), deputado (PV-MA) e filho do ex-presidente do Senado, José Sarney; Jutahy Magalhães Júnior (R$ 25 mil), deputado (PSDB- BA); Severino Cavalcanti (R$ 20 mil), ex-presidente da Câmara (PP-PE); Paulo Renato Souza (R$ 50 mil), ex-ministro da Educação de FHC e deputado (PSDB-SP); e Teotônio Vilela Filho (R$ 50 mil), atual governador de Alagoas pelo PSDB.

As maiores contribuições foram destinadas a Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo e candidato derrotado ao Senado pelo PMDB paulista, e para Amir Lando, também derrotado na disputa pelo governo de Rondônia pelo PMDB: R$ 200 mil cada.

O deputado José Aníbal disse que, apesar das doações recebidas, não tem “nenhuma relação” com a Cutrale. “O pessoal da Fiesp que me avisou sobre essa doação durante a campanha, eu nem sabia até então”, diz.

“Eu tive até um contencioso com eles quando era secretario de Ciência e Tecnologia há 10 anos”, conta, em referência à desapropriação de um terreno na região de Araraquara pertencente à companhia.

Terra Magazine entrou em contato com a Cutrale para falar sobre as acusações de Tofini, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Segundo a Folha, a denúncia de formação de cartel na indústria de suco de laranja vem sendo investigada pela SDE (Secretaria de Direito Econômico) desde 2006, quando foi deflagrada a operação Fanta.

Último lote de documentos da ‘Operação Fanta’ é deslacrado

Os advogados da Citrovita, do Grupo Votorantim, acompanharam nesta terça-feira (16/3), na Secretaria de Direito Econômico (SDE), a abertura do último lote de documentos e dados de computador referentes à Operação Fanta da Polícia Federal, realizada em janeiro de 2006.

A documentação, considerada vital para comprovar a formação de um suposto cartel entre empresas produtoras e exportadoras de suco de laranja, estava embargada por decisão da Justiça Federal de São Paulo, mas a SDE obteve liminar no Tribunal Regional Federal da 1ª Região para acessar.

Para a secretaria, os novos dados envolvendo a empresa paulista são “fundamentais para o decorrer das investigações”. Apesar de a secretaria já ter em mãos outros documentos da Citrovita, o embargo deste último lote – o único que permanecia lacrado – poderá agilizar a investigação das denúncias feitas por produtores de laranja.

Não há prazo para a SDE concluir sua investigação. Apesar de a “Operação Fanta” ter sido em 2006, a suposta formação de cartel no segmento é alvo de investigação conjunta da SDE e do Cade desde 1996.

Fontes: Da Radioserrinha.net/ Terra Magazine/ Valor Econômico