Da Página da Telesur

O Diretor-Geral das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês), Jacques Diouf, advertiu que se não se impulsionar a produção agropecuária em nível global, continuará aumentando a quantidade de pessoas em situação de desnutrição e pobreza.

Durante uma entrevista que concedeu a TeleSur, o Diretor-Geral da FAO reafirmou que “a agricultura é a base de vida de 70% da população mundial, e 70% dos pobres vivem em zonas rurais”. Diante disso, sentenciou que “se não se investem recursos nesta atividade (a agricultura), não vamos ter o aumento de produção equivalente ao aumento da população mundial”.

Jacques Diouf lamentou que a ajuda internacional “que vai ao setor agropecuário caiu de 19% em 1980 para 3% em 2006 e agora estamos entre 5 e 6 %”. No entanto destacou que na América Latina houve um esforço por reduzir o número de pessoas sem acesso à alimentação, mas indicou que ainda falta muito para alcançar níveis aceitáveis.

“Há países da América do Sul que estão aumentando sua produção, que fizeram mais progresso neste âmbito, como a Argentina, o Brasil, o Chile, como o Paraguai, o Uruguai, mas nos países da América Central e do Norte da América temos problemas, incluindo os países do Caribe e em particular Haiti”, assinalou.

“Em nível mundial, incluindo a América Latina, a maioria dos pobres está em zonas rurais. Por essa razão, é preciso dar uma parte suficiente do orçamento nacional a estes pobres”, insistiu, pois dessa maneira, se vai resolver “o problema, por um lado da pobreza e por outro, da contribuição da pequena agricultura familiar ao Produto Interno Bruto (PIB) dos países”, sustentou.

Afirmou que os países que deram mais prioridade à agricultura, “tiveram sucesso, aumentaram sua produção, reduziram sua importação de produtos agropecuários e melhoraram os salários dos agricultores pobres”.

Durante a entrevista que concedeu a TeleSur, Jacques Diouf reconheceu o capitalismo como um sistema que gera mais pobreza e fome no mundo, tal como se demonstrou depois da crise financeira internacional, que explodiu no ano 2008.

“Em nível mundial, os preços se fixam sobre a base de regras capitalistas, essa é a realidade, e naturalmente com as conseqüências que vimos em 2007-2008, o número de famintos não tem caído, como deveria na perspectiva de redução em 2015”, especificou.