A vida é melhor nas grandes cidades?

Do Jornal Sem Terra Especial Juventude Uma família vai para um acampamento do MST em busca de um pedaço de terra. Passa por um processo de luta, que geralmente se arrasta por anos, até conseguir um lote para obter o sustento e criar os filhos. Mas, ao atingir a juventude, muitos filhos de assentados migram para as cidades. Este é um fenômeno que pode ser observado em especial nos assentamentos, onde é crescente a quantidade de jovens que seguem para os centros urbanos ou vão trabalhar nas empresas do agronegócio.


Do Jornal Sem Terra Especial Juventude

Uma família vai para um acampamento do MST em busca de um pedaço de terra. Passa por um processo de luta, que geralmente se arrasta por anos, até conseguir um lote para obter o sustento e criar os filhos.

Mas, ao atingir a juventude, muitos filhos de assentados migram para as cidades. Este é um fenômeno que pode ser observado em especial nos assentamentos, onde é crescente a quantidade de jovens que seguem para os centros urbanos ou vão trabalhar nas empresas do agronegócio.

O sistema capitalista desenvolve um processo de cooptação da juventude, pregando anti-valores como o consumismo, alienação, mercantilização, individualismo. Apresenta o meio rural como sem oportunidades e incentiva a saída dos jovens dos assentamentos, afastando-os das raízes camponesas.

Para os assentados, além da grande ilusão de que a cidade é um lugar de grandes oportunidades, o que determina a migração é a busca do acesso a um trabalho e renda como forma de garantir autonomia à juventude.

Mas será que no meio urbano é tão fácil assim encontrar emprego?

Quantos jovens vão para a cidade e vivem em condições precárias, sendo explorados e sem acesso à educação, cultura, esporte?

E no campo, será que é mesmo verdade que não existe trabalho e renda para os jovens?

Muitas vezes pensamos apenas na possibilidade do trabalho agrícola, mas não seriam necessários vários outros tipos de profi ssionais no assentamento?

Os assentamentos podem ser espaços com potencial de geração de renda, com a promoção da agroecologia cooperada, promovendo a elevação da produtividade do trabalho, estimulando a diversificação da produção, modificando hábitos e atitudes frente à natureza, ao consumo e à alimentação, não podem?

A juventude pode contribuir na organização de agroindústrias de forma cooperativada: uma ferramenta fundamental para agregar valor à matéria-prima produzida, garantindo renda e viabilizando a comercialização da produção.

E sabemos que a luta pela terra é também uma luta pela melhoria das condições de vida, ou seja, por educação, saúde, cultura, moradia, comunicação.

Então vejam quantos profissionais de diferentes áreas necessitamos no campo: professores, enfermeiros, médicos, agrônomos, engenheiros, comunicadores…

É claro que faltam programas de incentivos por parte dos governos para estimular a permanência dos jovens no campo, tanto na qualificação de profissionais, quanto de apoios financeiros para viabilizar
a vida no campo, mas acreditamos que através da luta pela Reforma Agrária e por um outro modelo de sociedade podemos juntos construir alternativas para garantir a autonomia financeira e a permanência dos jovens do campo.