“Fui primeiro em algumas coisas”, diz agrônomo do MST

Por André Simões De O Diário/Maringa* É comemorado hoje em todo o Brasil o Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida como referência ao aniversário da morte de Zumbi, assassinado em 20 de novembro de 1695. Mais de 300 anos depois, o nome do líder dos Palmares permanece como ícone de luta pela justiça racial. Para marcar a celebração, a reportagem buscou entrevistar afrodescendentes maringaenses que superaram adversidades e preconceitos raciais, como o engenheiro agrônomo Élson Borges dos Santos.


Por André Simões
De O Diário/Maringa*

É comemorado hoje em todo o Brasil o Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida como referência ao aniversário da morte de Zumbi, assassinado em 20 de novembro de 1695. Mais de 300 anos depois, o nome do líder dos Palmares permanece como ícone de luta pela justiça racial.

Para marcar a celebração, a reportagem buscou entrevistar afrodescendentes maringaenses que superaram adversidades e preconceitos raciais, como o engenheiro agrônomo Élson Borges dos Santos.

“Você sabe que eu fui pioneiro em algumas coisas, né?”, pergunta o engenheiro agrônomo Élson dos Santos.

A demonstração de orgulho não vem à toa: Santos foi o primeiro negro a se formar em Agronomia pela UEM, tendo concluído mestrado pela mesma universidade em 2003. Também foi primeiro secretário municipal negro de Maringá – chefiou a pasta de Agricultura entre 2001 e 2004. Hoje em dia, exerce a função de engenheiro na Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), em Paranacity, que pertence ao MST.

“Enfrentamos preconceito todos os dias, mas pode ser velado, numa forma que não é crime mas fecha portas”, afirma Santos, dando como exemplo o fato de que quando anunciou a intenção de ser engenheiro ouviu muitas opiniões de que seria uma carreira inadequada.

“Perguntavam por que eu não fazia música ou geografia. Minha posição sempre foi de não aceitar preconceitos e argumentar.”

O engenheiro conta que ingressou na carreira para ajudar a vida do povo do campo. “Fui boia-fria e nunca deixarei de ser camponês, estou apenas atuando como engenheiro”, afirma Santos, que se considera um militante da reforma agrária.

Sua posição para o Brasil é otimista, pois considera que o País reúne a cordialidade indígena, a espiritualidade africana e a tecnologia e filosofia europeias.

“Se soubermos explorar esse potencial, com uma revolução sem armas, temos a condição de ser o melhor País do mundo.”

(*Texto editado. Clique aqui para ler o original)