Mulheres realizam seminário para debater agrotóxicos no PR


Por Riquieli Capitani

Da Página do MST


Por Riquieli Capitani

Da Página do MST

Discutir e debater o processo que levou a agricultura a ser dependente de agrotóxicos. Esse foi um dos objetivos de aproximadamente 150 mulheres que se reuniram entre os dias 05 a 07 de fevereiro no Pré- Assentamento Eli Vive em Londrina, no Paraná.

As mulheres, militantes do MST, APP Sindicato, MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), MMC (Movimento das Mulheres Camponesas), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), Terra de Direitos, Quilombolas, e Consulta Popular, puderam compreender melhor como estão cada vez mais presentes as grandes corporações na agricultura no Brasil. O país é atualmente maior consumidor mundial de agrotóxicos, o que gera o empobrecimento dos agricultores, a concentração da renda e riqueza, e também uma série de danos para a saúde do ser humano, do animal e da natureza.

No primeiro dia de estudo as mulheres assistiram a uma palestra de Horácio Martins, sobre o processo histórico da formação da agricultura no Brasil e suas consequências para a classe trabalhadora. No segundo dia foi a vez de Reinaldo Skalsz, engenheiro agrônomo aposentado, que falou sobre o que são e como atuam os agrotóxicos na produção e reprodução da vida. Debates em grupos também marcaram o encontro.

Nas colocações de Reinaldo Skalsz, ficou explícito que venenos não estão presentes apenas nos alimentos consumidos, mas também nos produtos de beleza e higiene. Ele reforçou que muitas vezes não percebemos o mal causado, que podem aparecer só depois de anos.

Na saúde humana, os venenos podem trazer várias complicações, como intoxicações agudas. O  grande problema, que fica menos visível, são as intoxicações crônicas – que podem, por exemplo, provocar câncer. Há outros também que causam má formação do feto, e ainda risco de causarem desregulação endócrina, distúrbios psiquiátricos e neurológicos.

Segundo Maria Isabel Grein da coordenação estadual do MST, é preciso discutir com toda a sociedade os males que causam os agrotóxicos. “Optamos para que fosse um seminário para mulheres, pois é a mulher que tem a defesa da vida como princípio. Em geral é a mulher que pensa na diversidade da produção. Se as companheiras entenderem que os agrotóxicos são uma violência à vida humana e matam, elas serão as fomentadoras da agricultura camponesa agroecológica, serão produtoras da diversidade de alimentos.”

Para Maria Aparecida da Silva, uma das participantes, o seminário superou as expectativas. “Saí com mais vontade ainda de defender a Agroecologia. Nós temos uma arma nas mãos, que é o conhecimento, e é a partir dele vamos formar a consciência das pessoas, pois tem muitas coisas escondidas. O Seminário deu mais ânimo para prepararmos o Dia Internacional da Mulher.”

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que 15% dos alimentos consumidos pelos brasileiros apresentam taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde.