Sem Terra se reúnem em Minas Gerais


Por Ana Maria Amorim
Da Página do MST
 
Cerca de 250 pessoas participam do encontro, em Campo do Meio, dos dias 18 a 21 de fevereiro, para  discutir os desafios do Movimento para este ano. O espaço também prevê o Encontro dos Amigos dos Sem Terra, que visa reunir apoiadores do MST em um momento de formação, confraternização e fortalecimento das parcerias.
 
Na abertura do encontro, um apanhado sobre a conjuntura deixa claro que os desafios dos trabalhadores não são pequenos. “O momento é desafiador para o MST e para as outras forças que querem um projeto popular, pois estamos em um momento de ofensiva do capital internacional que, neste governo, impõe o sistema de produção dele, se apropriando de bens naturais, como a terra e as águas”, diz um dos coordenadores do Movimento, José Valdir Misnerovicz.
 
Para Valdir, o modelo do capital internacional, ou seja, o agronegócio, é uma forma das grandes corporações se apropriarem das terras agricultáveis do mundo. Isso implica uma mudança do inimigo: se antes era o fazendeiro local, agora passa a ser estas grandes corporações. A luta, portanto,passa a ser mais acirrada.
 

 
Reforma Agrária parada
 
Os dados da Reforma Agrária em Minas Gerais são alarmantes. Já faz dois anos que o estado não consegue assentar nenhuma família do Movimento e, para as famílias que foram assentadas, não há assistência técnica. “No ano de 2010, tivemos o menor número de assentamentos por ano no Brasil”, afirma Valdir. Na região do sul de Minas Gerais um assentamento ilustra bem essa realidade: há quatro anos que as famílias do assentamento Santo Dias vivem como nos acampamentos, pois não chegam as verbas para efetivar o assentamento no local, obrigando as famílias a viverem sem água encanada, saneamento, transporte, educação etc.
 
A atuação do órgão do governo para cuidar da Reforma Agrária, o Incra, é praticamente inexistente. “Há anos que o Incra está com um superintendente provisório e sem verbas. Assim, não há recursos para a reforma agrária no estado. O Incra está propositalmente congelado”, diz o Sem Terra Geraldo Magela Santos. Sobre o novo cenário político formado nas eleições do ano passado, a esperança é branda. “A Dilma pode até ser um ganho de fôlego, se comparar com o Serra, mas sem luta não há Reforma Agrária. O projeto do governo Dilma continua o projeto anterior, do Lula, e em nenhum dos dois está a Reforma Agrária”, completa Geraldo.