Valmir Assunção responde à Veja e ao colunista Reinaldo Azevedo

 

 

Da Página do Deputado
Federal Valmir Assunção

O tratamento do Governo baiano aos três mil Sem Terras que estiveram acampados na Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia ganhou repercussão em matéria da Revista Veja (Verba, Jabá e água fresca) desta semana e do colunista/blogueiro Reinaldo Azevedo, da mesma revista. O grau de leviandade contra a luta dos camponeses/as fez com que o deputado Valmir Assunção (PT-BA) se manifestasse de imediato, não só na Câmara dos Deputados, mas também em resposta a Azevedo.

Leia o discurso aqui

“Esta revista, que há muito tempo já não pode ser chamada de jornalística, mais uma vez se coloca como instrumento da direita, do latifúndio atrasado deste país, que não aceita o direito de organização do povo, muito menos que o Estado brasileiro dialogue com os pobres do campo. Infelizmente, não dizem que, só na Bahia, não mais de 25 mil famílias acampadas a espera da Reforma Agrária, que não usufruem de segurança alimentar. São trabalhadores camponeses, muitos deles um dia foram expulsos de suas terras, ou sofreram situações degradantes de trabalho. O que a revista não diz é que muitas das famílias que estiveram acampadas na sede da Secretaria de Agricultura da Bahia lutam contra a poderosa multinacional Veracel que, além de não produzir alimentos, grilam terras públicas que deveriam estar a serviço da Reforma Agrária”, ressaltou Valmir.

Para o deputado baiano, a Revista Veja ainda deslegitima as políticas públicas do Estado brasileiro em relação à reforma agrária ao descredenciar as entidades que trabalham para o desenvolvimento do campo. “Já foram realizadas três Comissões Parlamentares de Inquérito ao longo de oito anos, seja aqui [Câmara], seja no Senado e absolutamente nada foi comprovado. A insistência neste caso só revela a mais pura manifestação de ódio que a classe dominante tem contra os pobres deste País” afirma.

Veja a resposta na íntegra ao jornalista Reinaldo Azevedo:

Caro Reinaldo,

Diante do seu post em relação ao tratamento dado pelo Governo da Bahia ao acampamento do MST na Secretaria de Agricultura do Estado, gostaria de me manifestar, enquanto deputado federal, ex- secretário de desenvolvimento social e combate à pobreza da Bahia, petista e militante do MST.

1 – A luta dos trabalhadores rurais sem terra nada mais é que o manifesto daquelas pessoas que estão no campo e querem terra para produzir, e que esperam do governo a implantação da reforma agrária.

2 – Este tipo de ação nada mais é que a reivindicação do cumprimento do Artigo. 184 da Constituição Federal que diz que todas as terras improdutivas devem ser destinadas para a reforma agrária. Os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária, dentre os quais o MST, fazem exatamente isso.

3- Ocupar a área externa da Secretaria não é crime. Muito menos a postura do Governo Jaques Wagner deve ser criminalizada. Devemos dialogar com os movimentos sociais e é tarefa do Estado garantir o cumprimento dos direitos humanos e da segurança alimentar. Faz-se isso por políticas públicas, mas também faz isso diante de situações de protesto, principalmente de população pobre. Isso, de nenhuma forma, significa privilégio de um em relação a outro.

4 – Pior seria tratar isso como caso de polícia. A nossa história já mostra os casos de massacres contra trabalhadores rurais quando há protestos e não se estabelece o diálogo. Foi o caso de Eldorado dos Carajás, por exemplo, há 15 anos, quando 21 sem terras foram assassinados e tantos outros seguem mutilados e sem atenção do poder público. Eu, que já fiz parte do Governo baiano, enquanto Secretário Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, posso afirmar que não é política do PT, nem do Governo da Bahia, muito menos da sociedade baiana sujar as mãos de sangue para manter uma “ordem”. Preferimos dialogar!

Ainda desconheço a política de publicação em seu blog, mas arrisco enviar esta manifestação assim mesmo, para que, quem sabe, o outro lado também tenha espaço nos seus escritos.*

Saudações

Deputado Valmir Assunção (PT-BA)

*O Deputado Valmir Assunção enviou esta mensagem para o email [email protected], tal como foi orientado pela redação da revista. Houve a tentativa de se falar por telefone, mas ainda sem sucesso. O blogueiro não divulga seu email institucional e nem telefone para contato em seu blog.