Levanta juventude, juventude é pra lutar!
Da Página do MST
Da Página do MST
Muita gente fala que nas áreas da Reforma Agrária não existe juventude, mas há pelo menos 500 mil jovens nos assentamentos e acampamentos do MST espalhados pelo Brasil. Muitos fazem parte de coletivos, setores, espaços de coordenação, núcleos de base. No entanto, a maioria não participa das atividades do nosso Movimento. Portanto, é um desafio fazer um grande debate para integrá-los na nossa dinâmica de organização.
Diante disso, as dúvidas se multiplicam. Como a juventude pode participar e construir os espaços da organização e das articulações com outros movimentos do campo e da cidade? Essa resposta está imersa num profundo diálogo com a juventude. Num diálogo que provoque a reflexão sobre questões cruciais como, por exemplo: o que os jovens esperam do MST? O que se espera dessa juventude? Quais seriam os temas mais importantes para a juventude neste momento? Quais os temas fundamentais quando se trata de pensar em um novo país? Alguns desses temas com certeza perpassam pela discussão de trabalho e renda, de educação, cultura, da própria sexualidade, gravidez inesperada e aborto. É hora de fazermos o debate sobre essas questões!
Um fantasma comum de aparecer, por exemplo, é a questão do êxodo rural. A saída do assentamento em busca de renda, escolas, arte, acaba sendo uma solução imediata, e também individual. É uma mudança da vida pessoal sem que a realidade seja transformada. E ao mesmo tempo em que isso acontece, as discussões que temos acumulado mostram que a juventude quer ficar no campo, quer participar e propor mudanças.
Participar do MST é a possibilidade de encontrar um espaço coletivo onde se possa falar e ser ouvido sobre as demandas e expectativas que se tem dentro dos acampamentos e assentamentos. É colocar para o conjunto dos espaços da Reforma Agrária o desejo dos jovens de lutar pela conquista de direitos, atuando como sujeitos ativos e transformadores da própria realidade, não permitindo que outros falem em seu lugar. Nessa perspectiva, a juventude pode fazer com que o Movimento avance na luta por uma vida melhor, uma vida mais completa e intensa.
O Coletivo de Juventude do MST tem a tarefa de dar visibilidade sobre as questões que envolvem os jovens, organizá-los nos assentamentos e acampamentos e promover atividades políticas, econômicas e culturais. Essa discussão ganhou força nos encontros realizados na Unicamp de 2000 a 2002, com a participação de muitos jovens militantes Sem Terra.
Em 2005, na Marcha Nacional pela Reforma Agrária, cerca de 60% de participantes eram jovens, o que intensificou o debate. Outro marco na trajetória desse coletivo é o Seminário de Juventude da Coordenação dos Movimentos Sociais em 2006, bem como os Seminários da Via Campesina realizados no mesmo período, onde se fortaleceram debates importantes. São diversas as formas de organização que podemos criar.
Já existem muitas iniciativas interessantes. Podemos nos mobilizar por meio da música, do grafite, do esporte, de um grupo de teatro, nas roças coletivas, no lazer e no trabalho, em grupos de jovens, grupos de estudo, organizações de estudantes em nossas escolas, que tem um grande potencial. Como podemos avançar nessas formas organizativas?
Ser militante para a nossa juventude é justamente criar perspectivas, um sentido para a vida. É fazer parte de um Movimento que luta para melhorar as condições da população do campo, por um país diferente, que combate a desigualdade, o pensamento único, o individualismo e o egoísmo. É pela luta, pela organização, pelas práticas coletivas, cultivando valores de companheirismo e solidariedade, que muitos dos problemas que vivenciamos podem ser resolvidos, que a vida pode ser reconstruída, e que nossas áreas de assentamentos podem ser fortalecidas e refeitas com a dignidade que merecemos.