Governo dos EUA encontra glifosato no ar, na água e em córregos do rio Mississippi


Da Campanha Brasil Ecológico,
Livre de Transgênicos e Agrotóxico

Da Campanha Brasil Ecológico,
Livre de Transgênicos e Agrotóxico

 
 
 
O glifosato, ingrediente ativo do herbicida Roundup — o mais utilizado no Brasil e no mundo — foi encontrado no ar e em água da chuva e de riachos em zonas agrícolas da bacia hidrográfica do rio Mississippi. Os resultados foram divulgados em 29 de agosto pelo U.S. Geological Survey, órgão vinculado ao Ministério do Interior dos EUA (U.S. Department of the Interior).
 
O glifosato é amplamente utilizado na região para o controle de mato em lavouras transgênicas de milho, soja e algodão. Essas sementes transgênicas foram desenvolvidas para tolerar aplicações do produto: pode-se pulverizar o veneno sobre as lavouras, eliminando-se assim todas as espécies de mato e preservando-se a soja “intacta”. Como não poderia deixar de ser, o uso total de glifosato nos EUA aumentou 8 vezes entre 1992 (ano da introdução da soja transgênica no país) e 2007 — de 11 mil para 88 mil toneladas.
 
Nossa história não é muito diferente: segundo dados divulgados pela Anvisa, entre 2003 (ano da autorização para o plantio de soja transgênica no Brasil) e 2007, o uso de glifosato saltou de 57,6 mil para 300 mil toneladas.
 
Paul Capel, químico do USGS e autor do novo estudo, declarou: “Embora o glifosato seja o herbicida mais utilizado no mundo, sabemos muito pouco sobre seus efeitos de longo prazo no meio ambiente. Este estudo é um dos primeiros a documentar a ocorrência consistente deste químico em riachos, chuva e ar ao longo do período de produção (…)”.
 
O metabólito AMPA, um produto da degradação do glifosato, altamente tóxico e que tem persistência ambiental maior que a do próprio glifosato, também foi frequentemente detectado em riachos e na chuva. A ocorrência do veneno em riachos e no ar indica que ele é transportado a partir do ponto de uso e se espalha no meio ambiente. Tanto no ar como na chuva, a frequência de detecção de glifosato variou de 60 a 100%.
 
Estas novas evidências da dispersão do veneno, sobretudo pela água, representam mais um alerta para as populações que vivem em regiões de grande produção agrícola intensivas em uso de agrotóxicos. Também há estudos no Brasil demonstrando a contaminação do ar, da água da chuva e até da água subterrânea em regiões de predomínio do agronegócio. Em muitos casos essas águas contaminadas são usadas para o abastecimento da população.
 
Estes novos dados, que são oficiais do governo dos EUA, também poderão ser considerados pela Anvisa como nova evidência de risco no processo de reavaliação toxicológica do glifosato que está em curso. A demonstração de que o glifosato se dispersa amplamente no ambiente e contamina as águas sugere que as pessoas que vivem no entorno de plantações ou se abastecem da água das bacias hidrográficas onde os venenos são pulverizados estão também expostas ao veneno. 
 
Os resultados detalhados da pesquisa sobre o glifosato foram publicados no artigo Occurrence and fate of the herbicide glyphosate and its degradate aminomethylphosphonic acid in the atmosphere, no volume 30 da revista Environmental Toxicology and Chemistry, e no artigo Fate and transport of glyphosate and aminomethylphosphonic acid in surface waters of agricultura l basins, na versão online da revista Pest Management Science. Cópias dos artigos também podem ser obtidas diretamente com Paul Capel ([email protected]).
 
A pesquisa sobre o transporte de glifosato no meio ambiente foi realizada como parte do Programa Nacional de Controle de Qualidade da Água do USGS (USGS National Water-Quality Assessment – NAWQA).
 
Com informações de: