Ato em SP cobra sanções aos golpistas do Paraguai em reunião do Mercosul

 

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

 

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

Mais de 200 militantes de diversos movimentos sociais da América Latina fizeram um ato em frente ao gabinete regional da Presidência da República, em São Paulo, para repudiar o golpe de Estado ocorrido no Paraguai, que destituiu o presidente Fernando Lugo.

Os manifestantes apoiaram a decisão dos governos latino-americanos de não reconhecer o governo golpista do Paraguai e cobraram a definição de sanções econômicas na reunião do Mercosul, que termina nesta sexta-feira, até o restabelecimento da democracia.

João Paulo Rodrigues, da Coordenação Nacional do MST, alertou que os movimentos devem ficar atentos à ofensiva de caráter imperialista. “Essa é uma luta prolongada. É importante que fiquemos vigilantes contra o imperialismo norte-americano. Não podemos deixar nosso continente retroceder e virar quintal dos Estados Unidos”.

De acordo com o secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), professor João Antonio Felício, “não concordamos com o argumento de que o não reconhecimento do novo governo vai afetar os mais pobres no Paraguai. Não podemos aceitar esse tipo de golpe, porque se deixamos passar lá, pode ocorrer em outros países, por isso nenhum governo ou organização reconhecer este governo novo”.

Mário Soares, da Consulta Popular, ressaltou que “Lugo não teve tempo para se defender de um processo falso articulado pela direita. Esse golpe não está deslocado na América Latina, é só ver o que ocorreu em Honduras e as tentativas de golpe na Venezuela; são iniciativas dos EUA para desestabilizar os governos progressistas”

Mobilização permanente

Movimentos sociais têm realizado atos em todo o país e em outros países do continente para condenar o golpe. Na manhã desta sexta-feira, o MST e a Via Campesina fazem um ato na Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai. Comitês de solidariedade fazem atos no Rio de Janeiro e em Brasília. Serão realizados protestos também na divisa da Argentina com o território paraguaio.

Gustavo, militante do movimento camponês paraguaio, disse que o golpe é repudiado pelo povo paraguaio, que está nas ruas das cidades protestando. Segundo ele, o golpe foi orquestrado pelas elites. “O golpe serve às oligarquias, que têm o apoio da polícia e do Parlamento. Mais de 85% da terra do nosso país está nas mãos dessa elite, que corresponde à 2% da população”.

O discurso de que o Paraguai tomou uma decisão soberana ao depor Lugo foi rechaçado por Alessandra Caregatti, da Marcha Mundial das Mulheres. “Não podemos aceitar que nos dividam ao dizer que não houve golpe no Paraguai. Temos que apoiar nossos companheiros, continuar mobilizados e dizer ‘aqui não’”.

Socorro Gomes, dirigente do Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (Cebrapaz), criticou a cobertura da imprensa ao golpe. “A mídia tenta mentir, alegando que o golpe foi legal e dizendo para os países respeitarem a soberania paraguaia. No entanto, foi um processo no qual não se apresentou nenhum tipo de prova contra o presidente Lugo, e este foi deposto em menos de 48 horas”.

O dia escolhido para o ato foi o mesmo no qual, três anos atrás, o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi deposto por meio de um golpe. Segundo Rose, do Jubileu Sul, “já nos reunimos aqui para repudiar o golpe de Honduras, e agora nossos irmãos paraguaios vivem um golpe que se dá de uma forma nova, pois se usam da constituição paraguaia para destituir o presidente”.

Os movimentos sociais planejam para fazer um grande ato na próxima semana para cobrar medidas firmes do governo brasileiros em um ato maior na Avenida Paulista.