Famílias Sem Terra tentam resistir a reintegração de posse em Alagoas

 

Por Rafael Soriano
Da Página do MST
 

 

Por Rafael Soriano
Da Página do MST
 

Sob o comando do Governador de Alagoas e com ordem emitida pela Justiça do estado, o Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC), da Polícia Militar, tenta cumprir nesta terça-feira (7) a reintegração de posse da fazenda São Sebastião (Acampamento São José), no Povoado Ouricuri, Zona Rural de Atalaia (45km de Maceió).
 
Após mais de oito anos acampados no local, à espera de uma solução definitiva para a negação histórica de seus direitos mais básicos, as famílias se deparam com esta resposta do estado brasileiro para com os pobres.
 
Ao invés de um assentamento, onde definitivamente teriam acesso a terra, alimentação saudável, habitação, educação, saúde e outros direitos, as famílias recebem na manhã desta terça a face violenta do Poder Público: a polícia enviada para destruir roças, casas, escola e os sonhos de homens e mulheres que ousaram questionar suas sentenças severinas.
 
“É assim que as instituições, o poder constituído, responde à demanda dos Sem Terra, mandando a polícia para impedir que homens, mulheres e crianças sonhem e construam a dignidade na terra”, avalia Débora Nunes da Coordenação Nacional do MST.
 
O clima no local desde cedo é de apreensão e tensão por parte das famílias, que têm se mostrado dispostas a enfrentar qualquer contingente policial que venha a aparecer para executar o despejo.
 
Em protesto contra as possíveis reintegrações de posse, nesta segunda-feira (07), os movimentos sociais do campo realizaram bloqueios de rodovias em diversos pontos em Alagoas. Foram interrompidos os trechos da BR-316 em Atalaia, BR-104 em Murici, BR-101 entre Flexeiras e Joaquim Gomes, AL-115 entre Arapiraca e Palmeira dos Índios e a AL-220 em Jacaré dos Homens, mobilizando em torno de 600 militantes em toda a ação.
 
A fazenda São Sebastião foi ocupada pela primeira vez em 2004 e hoje abriga cerca de 80 famílias, que ali vivem e produzem em roças diversas culturas, como feijão, milho, criação de animais e outras.
 
No local, fica a Escola Itinerante Rosa Luxemburgo, coordenada pedagogicamente pelo MST. Ainda, nesta área emblemática, foi assassinado em 2005, o dirigente estadual do MST, Jaelson Melquíades, morto (segundo inquérito policial) a mando de um consórcio de fazendeiros da região, entre eles o já falecido Pedro Batista, a cuja família hoje pertence legalmente a área.