Trabalhadoras Sem Terra ocupam Usina na Zona da Mata de PE

 

 

 

Por Ramiro Oliver
Da Página do MST

 

Nesta sexta (08/3), cerca de 400 trabalhadoras rurais do MST e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ocuparam a Usina Maravilha, localizada no município de Condado, no norte do estado.

 

 

 

Por Ramiro Oliver
Da Página do MST

 

Nesta sexta (08/3), cerca de 400 trabalhadoras rurais do MST e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ocuparam a Usina Maravilha, localizada no município de Condado, no norte do estado.

Com o lema “Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos”, a ação faz parte da jornada nacional de luta das mulheres camponesas que acontece no estado e em todo o país na semana do dia 8 de março. As ações fazem enfrentamento contra o retrocesso das conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em especial a total paralisação da Reforma Agrária.

A Usina Maravilha, pertencente ao Grupo Andrade Queiroz, mesmo grupo detentor da Usina Cruangi, possui mais de 20 engenhos de cana-de-açúcar e uma das maiores concentrações de terras do Estado. Sem operar desde a década de 1990, a usina cedia terras à Cruangi (cerca de 19 mil hectares) que administrava as duas propriedades.

Em maio de 2012 a Usina Cruangi entrou em crise e passou a não pagar funcionários e fornecedores. Em setembro a usina fechou definitivamente sua unidade industrial. 2500 trabalhadores foram demitidos sem indenização e com salários atrasados, o que gerou diversos protestos ao longo de 2012. Os débitos gerais da Cruangi somam aproximadamente R$ 35 milhões.

De acordo com a dirigente estadual do MST, Suely Silva, “a mobilização tem o objetivo de fazer com que todas as terras das usinas Maravilha e Cruangi sejam desapropriadas para fins de Reforma Agrária e que realmente cumpram sua função social”. Além de improdutivas e devedoras, em terras do Grupo já foram encontrados trabalhadores em condições análogas à  escravidão.

Violência no Campo e Violência contra a mulher – A Zona da Mata de Pernambuco ocupa o triste 10º lugar em violência contra a mulher em contexto rural. A violência contra a mulher é fruto do modelo patriarcal de sociedade, onde as relações pessoais afetivas estão fundamentadas no princípio da propriedade, do controle e do domínio sobre a mulher. O agronegócio, ao concentrar terras e riquezas nas mãos de poucos, expulsa milhares de famílias de suas terras, destruindo sua cultura e gerando vazios no campo.

Nesta conjuntura, as mulheres são as primeiras a arcarem com as consequências, não tendo onde trabalhar, sendo obrigadas a permanecerem no espaço doméstico, com seu trabalho não sendo reconhecido ou notado. Destaca-se também a total vulnerabilidade a que estão relegadas para tratar da sua exposição constante aos agrotóxicos e venenos utilizados na agricultura química do agronegócio.

Segundo o estudo “Multipaíses da OMS”, sobre Saúde da Mulher e Violência doméstica, as mulheres que vivem em contextos rurais estão mais vulneráveis à violência doméstica, pois as políticas públicas pensadas para o contexto urbano não as alcançam, bem como as dificuldades inerentes a esse contexto específico agravam a violência e contribuem para a sua invisibilidade.