No MA, corpos de trabalhadores rurais assassinados estão há dois anos no IML



Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

Há quase cinco anos, em 13 junho de 2008, os trabalhadores Gilberto Ribeiro Lima e Vanderlei Ferreira Meireles foram assassinados numa fazenda no meio da Reserva Biológica do Gurupi, no Centro Novo no Maranhão. Seus restos mortais, no entanto, só foram encontrados três anos depois, em 2011.

Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

Há quase cinco anos, em 13 junho de 2008, os trabalhadores Gilberto Ribeiro Lima e Vanderlei Ferreira Meireles foram assassinados numa fazenda no meio da Reserva Biológica do Gurupi, no Centro Novo no Maranhão. Seus restos mortais, no entanto, só foram encontrados três anos depois, em 2011.

E desde fevereiro de 2011, ambos os corpos aguardam um exame de DNA no Instituo Médico Legal (IML) de Imperatriz (MA), que não pode ser feito no Maranhão. O Centro de Defesa Carmen Bascarán, há dois anos solicita que a justiça autorize a liberação de recurso financeiro e de material genético para o exame que será realizado em Goiânia.

O crime

Gilberto e Vanderlei foram assassinados na fazenda Boa Esperança, de Adelson Veras Araújo. Investigações apontam que os dois trabalhadores foram cobrar recebimentos de diárias trabalhadas que há tempos não recebiam. O resultado foi o assassinato dos dois.

A denuncia chegou ao Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán (CDVDH/CB) pelos familiares das vítimas, em agosto de 2008, e foi encaminhado para a justiça.

Entretanto, apenas após uma matéria do programa Fantástico, da Rede Globo, sobre o caso, que foi que Adelson, em janeiro de 2011, foi preso. Tempos depois outros envolvidos foram sendo presos somando ao todas sete pessoas.

A operação ainda conseguiu localizar as ossadas dos trabalhadores. Foi confirmado na época que um dos trabalhadores foi assassinado com um tiro na cabeça e outro recebeu um golpe de enxada também na cabeça.

Também foi diligenciado pelo CDVDH-CB, junto à Comarca de Maracaçumé (MA), em fevereiro do mesmo ano, para que fosse realizado o exame de DNA nos restos mortais dos trabalhadores.

Porém, os corpos ainda se encontram no IML de Imperatriz aguardando reconhecimento de DNA para serem liberado, e assim, as famílias poderiam finalmente fazer o seu ritual de sepultamento. 

O Juiz da comarca de Maracaçumé, em março de 2012, expediu ofício ao diretor do IML solicitando a realização do exame de DNA nos restos mortais das vitimas Gilberto e Vanderlei, para que sejam cientificamente identificados para fins de comprovação do crime cometido.

Em 18 de fevereiro de 2013, o Ministério Público Estadual (MPE), em resposta ao pedido feito pelo CDVDH – CB dentro do processo, manifestou-se pela imediata realização do exame de DNA nas ossadas das vitimas. E em 19 de fevereiro de 2013 o Juiz da Comarca de Maracaçumé expediu despacho determinando que a secretaria judicial daquela Comarca se certificasse se houve resposta ao ofício enviado ao IML de Imperatriz  ainda em março de 2012.

Os acusados

Até o presente momento nunca foi apresentada a resposta à acusação em favor dos acusados: Raimundo Alves Silva e João Cardoso da Silva Filho, por ausência de defensores dativos e/ou defensores públicos estaduais para atuar no caso. Esse fator prejudica andamento regular do processo.

Rebio do Gurupi

Uma das últimas áreas remanescentes da floresta amazônica maranhense, a Reserva Biológica (REBIO) do Gurupi, no estado do Maranhão, é considerada a pior área de conservação no país pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Esta reserva é ainda palco de imensas grilagens de terras, conflitos agrários, assassinatos de trabalhadores rurais, desmatamento descontrolado e é, principalmente, a região no Maranhão de maior incidência da prática de trabalho escravo.