Sem Terra assassinados no Rio de Janeiro recebem medalha Chico Mendes


Por Gizele Martins
Da Página do MST


Com mais de 600 pessoas, entre movimentos sociais e entidades de Direitos Humanos, o dia primeiro de abril foi marcado pela entrega da Medalha Chico Mendes na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Já é a 25ª edição que o Grupo ‘Tortura Nunca Mais/RJ’ e parceiros fazem esta grande e emocionante homenagem aos parentes de vítimas do Estado e aos militantes que atuam em todo o país incentivando outras lutas.


Por Gizele Martins
Da Página do MST

Com mais de 600 pessoas, entre movimentos sociais e entidades de Direitos Humanos, o dia primeiro de abril foi marcado pela entrega da Medalha Chico Mendes na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Já é a 25ª edição que o Grupo ‘Tortura Nunca Mais/RJ’ e parceiros fazem esta grande e emocionante homenagem aos parentes de vítimas do Estado e aos militantes que atuam em todo o país incentivando outras lutas.

Com a mística do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), feita por gritos de guerra, cantoria, viola, e uma homenagem ao agricultor Cícero Guedes dos Santos, um dos principais dirigentes do movimento e que foi assassinado em janeiro deste ano, em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, foi iniciada a premiação, isto por volta das 19h. Também foi lembrada a lavradora do MST, Regina dos Santos Pinho, assassinada em Campos dez dias depois da morte de Cícero.

Foram os familiares de Cícero e de Regina os primeiros a receberem a Medalha. O movimento ‘Mães de Maio’, que atua em São Paulo desde 2003, quando mais de 600 pessoas foram assassinadas, também foi homenageado. Débora Maria da Silva, que perdeu o seu filho neste massacre, representou estas mães junto a Vera Lúcia Gonzaga dos Santos, também mãe de vítima.

“Receber esta medalha e com o nome de um líder tão importante para a nossa história, é como se colocassem milhões de litros de combustíveis na nossa luta. Eu e minha amiga e companheira Vera atravessamos São Paulo para vir receber esta medalha com o maior orgulho. Esta é uma medalha de resistência. E o nosso grito por justiça tem que ser tamanha, assim como o dos familiares da Ditadura Militar. Acredito que vivemos em uma ditadura continuada. E a gente não pode esperar perder um filho para lutar. É por este motivo que continuamos a nossa missão”, disse Débora.

Outros homenageados foram: Carlos Alexandre Azevedo, torturado pela ditadura brasileira; CPT do Acre, Comissão Pastoral da Terra; Daniel Ribeiro Callado, desaparecido político na Guerrilha do Araguaia; Divino Ferreira Sousa, desaparecido político na Guerrilha do Araguaia; Luis Eduardo da Rocha da Rocha Merlino, militante morto pela ditadura; Mascarena Gelman, sequestrada pela Operação Condor; Octávio Brandão, intelectual e dirigente do PCB; Silvio Tendler, cineasta; e Patrícia de Oliveira Silva, defensora de direitos humanos no Rio de Janeiro.

Premiação criada em 1988 por iniciativa do ‘Tortura Nunca Mais/RJ’, a ‘Medalha Chico Mendes de Resistência’ foi pensada quando o Exército homenageou com a Medalha do Pacificador – a mais alta Comanda do Exército – notórios elementos ligados ao aparato de repressão. A entrega das medalhas foi realizada no DOI-CODI/RJ, local conhecido pelas torturas e assassinatos ocorridos durante os chamados anos de chumbo.