Jornada de Luta

Acampamento pedagógico das Mulheres Sem Terra acontece no dia 8 de março, no RJ

O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é marcado por oficinas de autocuidado, Agit Prop, de Jongo e rodas de conversa, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro
Mulheres Sem Terra de todas as regionais do Estado estavam presentes na capital do RJ. Foto: Mariana Silveira

Por Mariana Silveira
Da Página do MST

Trazendo o lema “O agronegócio lucra com a fome e a violência. Por Terra e democracia, mulheres em resistência!”, as mulheres Sem Terra do Rio de Janeiro ocuparam a Cinelândia, no centro da capital, em mais um acampamento pedagógico. Alertas e despertas, os Aromas de Março estão na cidade do Rio de Janeiro ecoando as vozes de luta e resistência das mulheres do campo e da cidade. 

O Acampamento Pedagógico reúne mulheres Sem Terra vindas dos diversos territórios do estado, incluindo a região Norte, Sul, Baixada Fluminense e Região dos Lagos. E para garantir a participação de todas as mulheres durante a programação, o acampamento pedagógico organizou uma linda Ciranda infantil, cheia de arte e brincadeiras! 

A mística de abertura do Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras trouxe para o debate as múltiplas jornadas de trabalho das mulheres camponesas, e as violências enfrentadas no cotidiano, com o símbolo do relógio para exemplificar as árduas horas de trabalho invisível. No final, os direitos reivindicados por todas foram ecoados em forma de palavras e fixados em um painel como fundo da mesa preparada para a audiência. 

O dia 8 de março começou com uma Audiência Popular com a Deputada Marina do MST, e representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Secretaria Agrária do PT.

Mesa composta pela deputada Marina e representantes do INCRA, Conab e PT. Foto: Iara Lavratti

Durante a audiência popular buscamos retomar pautas junto ao Incra para que as políticas públicas saiam do papel, políticas essas que impactam diretamente a vida das mulheres nos assentamentos e nos acampamentos. Além de que se mantenha um diálogo aberto com as famílias acampadas e assentadas, pois é com esse diálogo que se fará a democratização do acesso à terra e a construção do primado constitucional. Também endossaram o coro as vereadoras do PSOL e companheiras de luta, Luciana Bouitexe e Mônica Benício, com uma saudação e análise da conjuntura do Estado.

“Temos tarefas urgentíssimas, devido ao desmonte das políticas públicas nos últimos anos, mas temos também uma tarefa de médio e longo prazo, que é a de transformar a sociedade. E as mulheres têm esse poder.” Maria Lúcia, Defensora Pública indicada para a Superintendência do INCRA-RJ.

Alinhada à Jornada das Mulheres, a deputada estadual Marina do MST deu entrada nesta quarta-feira (08), em um Projeto de Lei (PL) na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), que busca garantir uma Campanha Permanente de Orientação de Denúncias de Violência Doméstica em Áreas Rurais, tendo como responsável a Secretaria de Agricultura do Rio de Janeiro. 

Outros PLs que também foram protocolados pelo mandato popular buscam: incluir no Currículo das Escolas Públicas e Privadas do Estado a “História das Mulheres do Campo e Cidade do Rio de Janeiro”; instituir a Política Estadual de Valorização da Mulher no Campo, entre outras providências; e, por  fim, a inclusão no calendário oficial do Estado do Rio de Janeiro do “Dia Estadual da Mulher Camponesa”.

“As prefeituras, o poder público local, estadual, federal tem que ter o olhar pros nossos territórios, tem que estar atentos às necessidades que chegam lá. Nós temos que cobrar sim todos os municípios que têm nossos assentamentos… E essa audiência pública popular tem que cobrar desses prefeitos”, enfatiza Marina do MST, Deputada Estadual no Rio de Janeiro, durante audiência popular. 

Após o almoço, as companheiras iniciaram às oficinas de autocuidado; de AgitProp, para a produção dos cartazes e faixas para o ato; uma oficina sobre Roda de Jongo; e participaram de uma roda de conversa sobre os Desafios das Mulheres Negras no Campo, que faz parte das atividades dos 21 dias de ativismo contra o racismo. 

Durante a oficina de autocuidado as Mulheres Sem Terra receberam massagens nos pés e aprenderam a fazer escalda-pé, uma técnica muito antiga usada para aliviar os sintomas de ansiedade, estresse, cansaço, e dores. Fotos: Iara Lavratti e Mariana Silveira.

Finalizadas as oficinas, as Mulheres Sem Terra caminharam até a Candelária, no centro da capital, onde se juntaram ao ato unificado 8M juntamente com outros movimentos e organizações populares urbanos.

Foto: Iara Lavratti
Foto: Iara Lavratti
Mulheres Sem Terra seguram faixa durante ato 8M com os dizeres: “O agronegócio lucra com a fome. Por terra e democracia, mulheres em resistência.” Foto: Mariana Silveira

Entre as principais pautas de reivindicações das mulheres Sem Terra no estado estão: o combate à fome, através de incentivos ao desenvolvimento econômico sustentável das comunidades rurais; a busca de saídas efetivas para a resolução de demandas de assentamentos de famílias acampadas em áreas rurais no estado. Bem como, o enfrentamento a todas as formas de violência contra as mulheres, através de políticas públicas, programas e medidas eficazes que combatam o feminicídio e tudo que violenta as mulheres, no campo e na cidade.

Integram a organização da jornada este ano: Mandato da Marina, Levante Popular da Juventude; Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), SindiPetro Norte Fluminense (Sindipetro), Associação de Docentes da UFRJ (ADUFRJ), Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SINTUFRJ), Associação dos Docentes da Universidade Rural (ADUR), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Associação de Docentes da UNIRIO (ADUNIRIO).

A Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra no Rio de Janeiro faz parte de uma agenda nacional de mobilizações do MST, que integram a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem como lema nacional: “O agronegócio lucra com a fome e a violência. Por Terra e democracia, mulheres em resistência!”. As informações e atividades estão sendo divulgadas pelas redes sociais do MST, organizações e movimentos sociais do campo do estado.

*Editado por Solange Engelmann