Cinco mil Sem Terra chegam a Salvador para pressionar por Reforma Agrária

Por Wesley Lima
Da Página do MST

Os cinco mil integrantes do MST que marcham desde a última segunda-feira (8) de Camaçari (BA), chegaram à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Salvador, na manhã desta quinta-feira (11).

O principal objetivo da marcha é dialogar com a sociedade sobre a importância da Reforma Agrária, exigindo a implementação de políticas públicas de convivência com a seca no semiárido baiano e denunciar a paralisação da Reforma Agrária.

A marcha leva o nome de “Marcha Estadual Fábio Santos Silva”, homenageando o dirigente do MST assassinado com 15 tiros por pistoleiros no último dia 2, em Iguaí, região sudoeste da Bahia.

“A marcha é o nosso maior instrumento de luta. Um governo que diz ser dos trabalhadores deve priorizar uma discussão sobre a reforma agrária”, afirma Márcio Matos, coordenador estadual do MST.

Agora, os Sem Terra ficam acampados em frente à sede do Incra até que as pautas apresentadas pelo Movimento sejam discutidas e negociadas. A partir da segunda-feira, (15) serão realizadas mobilizações para a entrega das pautas referente à melhoria de vida de mais de 24 mil famílias assentadas e acampadas no estado.

Enquanto isso, o acampamento também servirá como um espaço de formação, com diversas oficinas durante o dia e momentos culturais à noite, com músicas, danças e poesias típicas do nordeste brasileiro.

Pauta

As pautas que os Sem Terra irão apresentar aos órgãos competentes se baseiam em três pontos. Primeiro, a obtenção de terra, tendo como ponto de partida a desapropriação e a apresentação de um cronograma das áreas que já estão em processo de desapropriação. Há dois anos que não se desapropria nenhuma área no estado da Bahia.

Outra questão é a realização de demandas emergenciais relacionadas à seca no semiárido baiano, como a perfuração de poços artesianos, a liberação de carros pipas, entre outros.

Outro ponto se refere ao desenvolvimento dos assentamentos, visando a liberação de crédito para a produção, a demarcação dos lotes, chamada pública para a assistência técnica.

“Precisamos sair em marcha para denunciarmos o descaso da justiça perante os assassinatos de trabalhadores rurais em todo o país. Também queremos denunciar a existência de várias áreas improdutivas e devolutas na Bahia, sendo que nada é feito para que sejam destinadas à Reforma Agrária. Enquanto isso, temos 24 mil famílias debaixo da lona, nas beiras das estradas por todo o estado”, disse Márcio Matos.

Jornada de Abril

Estas ações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, quando trabalhadores rurais de todo o país realizam mobilizações e ocupações de latifúndios improdutivos visando a imediata desapropriação de terras, durante o mês de abril.