Jovens ocupam as ruas na capital pernambucana em jornada nacional

Por Ramiro Olivier
Da Página do MST

Na tarde desta quinta-feira (11), cerca de 100 jovens de 11 organizações ligadas a movimentos sociais e estudantis, pastorais sociais e forças partidárias de esquerda realizaram uma manifestação em frente à Secretaria Estadual de Juventude de Pernambuco.

A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas da Juventude brasileira, que contou com diversas mobilizações de jovens em todo o Brasil ao longo dos meses de março e abril.

Com batucadas, palavras de ordem, música e grafites, os jovens exigiam direitos sociais como o financiamento público para a educação, democratização da comunicação, trabalho decente e denunciaram o extermínio da juventude negra nas periferias.

Uma comissão foi recebida pelo Secretário Estadual de Juventude, Pedro Eurico, que recebeu a pauta dos jovens.

Leia abaixo a íntegra do manifesto da juventude pernambucana.

Texto manifesto da Juventude Pernambucana

Unir a Juventude Pernambucana: “Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”!  (Che Guevara)

As entidades estudantis, as juventudes do movimento social, dos trabalhadores/as, da cidade, do campo, as feministas, as juventudes políticas, as juventudes religiosas, jovens dos coletivos de cultura, das redes e das diversas ruas estão reunidos movidos por um ideal: mudar o Brasil e conquistar mais direitos para juventude.

É preciso denunciar que em todo o Brasil a juventude negra é chacinada nas periferias e o que lhe é oferecida é mais violência por parte do Estado que a abandona, mas não apenas a ela. O campo que alimenta a cidade segue órfão dos investimentos públicos que poderiam atrair a juventude, que de lá é expulsa pela concentração de terras, e encontra na cidade a poluição, a precarização no trabalho, a ausência do direito de organização sindical, os mais baixos salários e o desemprego.

Essa é a dura realidade da maioria da População Economicamente Ativa no país, e não as mentiras da imprensa oligopolizada, que foi parceira da Ditadura na ideologia que nos vendeu o Milagre Brasileiro e por ela foi beneficiada para encobrir torturas e assassinatos. É coerente que ela se oponha à Verdade a Justiça, que se cale ante as torturas e ao extermínio dos pobres e negros dos dias de hoje, que busque confundir e dopar a juventude, envenenando a política, vendendo-nos inutilidades, reproduzindo os valores da violência, da homofobia, do machismo e da intolerância religiosa. Mas eles não falam mais sozinhos, e estamos aqui pra fazer barulho. 

Queremos reformas estruturais que garantam um projeto de desenvolvimento social, solidário, que rompa com os valores do patriarcado, que abram caminhos ao socialismo: todos e todas com direito pleno à Educação, Trabalho Decente, com liberdade de organização sindical, com Verdade e Justiça para nossos heróis mortos e desaparecidos, com Reforma Agrária e investimentos para o campo florescer também para as pessoas. Que nas cidades, longe de racismo, violência e intolerância, tenhamos um Estado laico, democrático, inclusivo, que respeite os direitos humanos fundamentais, inclusive aos nossos corpos, ao meio ambiente, à religiosidade e à liberdade de orientação sexual. Não nos deteremos aonde os governos param.

Iniciamos aqui uma caminhada de unidade e luta por reformas estruturais que enterrem o neoliberalismo e resguardem a nossa democracia dos retrocessos que preparam os monopólios da mídia, ou pelos golpes institucionais (seja no Paraguai, na Venezuela, Honduras ou no Brasil). 

Em Pernambuco, essa situação não é diferente, uma vez que, paralelo a um alto índice de crescimento econômico vivido pelo estado nos últimos anos, vivemos fortes contradições frutos de um sistema que, na maioria das vezes, subjuga e marginaliza a juventude.

Nosso estado cresce baseado em uma nascente industrialização, cujo processo decisório e de direção não passa pela juventude. A conjuntura econômica não reflete uma política efetiva de formação, para que os jovens possam conduzir de maneira protagonista o desenvolvimento e a conquista de direitos.

Temos aqui desafios a serem superados, bem como: a violência policial, o tratamento repressor para usuários de drogas, a má qualidade e as altas tarifas cobradas nos transportes públicos, a remoção de comunidades pobres de áreas de interesse imobiliário, baixa qualidade da educação básica e superior e carência de políticas de assistência estudantil e a debilidade das políticas públicas de juventude e dos mecanismos de controle social voltados aos jovens. E diante dessa avaliação propomos nos unir em torno da defesa de uma plataforma sobre os seguintes pontos: 

Financiamento público da Educação 

– 10% PIB para educação 

– 100% dos Royalties e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação

– Democratização do acesso e da permanência na universidade 

– Educação do campo 

– Cotas raciais e sociais nas universidades estaduais 

– Curricularização da extensão universitária

– Regulação e ampliação da qualidade, em especial, do setor privado 

– Combate à desnacionalização do ensino.

Trabalho: 

– Redução da jornada de trabalho 

– Condições dignas de trabalho/trabalho decente

– Políticas que visem a conciliação entre trabalho e estudos.

Democracia: Reforma política 

– Distribuição de renda

– Contra a judicialização da política e criminalização dos movimentos sociais 

– Luta pela auditoria da divida publica

– Luta contra a desnacionalização/extrangerização 

– Reforma Agrária

– Aprovação do Estatuto da Juventude.

Diretos sociais e humanos: Violência contra Juventude 

– Extermínio da juventude negra 

– Memória verdade e justiça 

– Superação das intolerâncias 

  Feminismo

– Mobilidade urbana 

– Moradia

– Desmilitarização da policia

– Reorganização da cidade para locomoção de bicicleta 

– Contra a alteração da maioridade penal 

– Diversidade sexual 

– Luta indígena e quilombola  

Democratização da Comunicação de Massas: 

– Universalização da internet de banda larga no campo e na cidade 

– Políticas públicas para grupos e redes de cultura 

– Apoio público para os meios de comunicação da imprensa alternativa 

– Apoio ao movimento de software livre

 

Assinam este documento:

ANPG; Apeoesp; Associação Cultural B; Centro de Estudos

Barão de Itararé; Ciclocidade; Consulta Popular; Ecosurfi; Enegrecer; FEAB;

Federação Paulista de Skate; Fora do Eixo; Juventude da CTB; Juventude da CUT;

Juventude do PSB; Juventude do PT; Juventude Pátria Livre; Levante Popular da

Juventude; Marcha Mundial das Mulheres; MST; Nação Hip Hop Brasil; PCR; REJU;

Rejuma; UBES; UJS; UNE; UPES, Via Campesina, CONTEE, SINPRO – PERNAMBUCO.