Grito dos Excluídos: “Estamos nas ruas para gritar pelos nossos direitos”

 

Por Mariane Matos
Do Brasil de Fato

 

O Grito dos Excluídos, manifestação popular que acontece efetivamente desde 1995, tem o tema deste ano ligado à questão dos jovens. Em contraste com a tradicional comemoração passiva em torno do Dia da Independência, 7 de Setembro, o Grito nasce com a finalidade de resgatar a soberania da nação diante do contexto crescente de exclusão social.

 

Por Mariane Matos
Do Brasil de Fato

 

O Grito dos Excluídos, manifestação popular que acontece efetivamente desde 1995, tem o tema deste ano ligado à questão dos jovens. Em contraste com a tradicional comemoração passiva em torno do Dia da Independência, 7 de Setembro, o Grito nasce com a finalidade de resgatar a soberania da nação diante do contexto crescente de exclusão social.

Trazendo o lema Juventude que Ousa Lutar Constrói Projeto Popular, o evento de 2013 levanta o debate em torno dos jovens, que estão cada vez mais à margem da sociedade.

“Estamos descontentes por completo e estamos indo para a rua gritar pelos nossos direitos”, defende o militante do Levante Popular da Juventude, Dieymes Pechincha, nesta entrevista ao Brasil de Fato.

Para ele, é muito importante ocupar as ruas nesse momento. “Gritar é o que nos resta a fazer nesse contexto em que as instituições já não nos ouvem”, afirma.

O 19º Grito dos Excluídos acontece em todo o Brasil no dia 7 de setembro. No Rio de Janeiro, o evento que está marcado para este sábado (7) a partir das 9h, na Presidente Vargas, convida a população a repensar o modelo político, econômico e social em que vivemos, bem como ocupar as ruas e reivindicar seus espaços na cidade e na sociedade.

Brasil de Fato – Qual o papel de manifestações populares, como esta convocada pelo Grito dos Excluídos, no fortalecimento de um projeto mais popular para o Brasil?

Dieymes Pechincha: As manifestações, tanto as do aumento da passagem, em junho, como a dos professores, agora, contribuem para o avanço de um projeto de sociedade que contemple as classes de baixo.

Esses protestos mostram que, de fato, não estamos felizes com a forma que as coisas estão e atestam que a gente tem a condição de colocar esse nosso grito na rua.

Portanto, o grande saldo que tiramos dessas manifestações foi a capacidade de como as ruas se entupiram de gente. E, a partir disso, o retorno real de vitórias, a gratificação do quanto a luta, quando massificada, constrói.

Diante do evidente protagonismo da juventude nas recentes manifestações, qual a importância do Grito deste ano?

O Grito, e principalmente o seu lema, chega em um momento bastante interessante. Estamos descontentes por completo e estamos indo para a rua gritar pelos nossos direitos. Ou seja, é interessante como um lema, dentro de um ato que tem 19 anos de história, contemple tão bem a nossa realidade atual.

Por isso, é muito importante ocupar as ruas nesse momento, já que gritar é o que nos resta a fazer nesse contexto em que as instituições já não nos ouvem.

A juventude sempre foi sinônimo de esperança e energia. Trazê-los para a luta é essencial para os movimentos sociais atualmente?

É fundamental que a juventude se enfileire, construa com as próprias mãos esse projeto. A gente tem visto o quanto que dialoga a forma como a juventude tem se colocado na rua, trazendo novas metodologias e, principalmente, trazendo toda uma nova simbologia para as lutas.

Vivemos em tempos de extermínio da juventude negra e debates, como o da redução da maioridade penal. Como você analisa este momento de emancipação popular?

Esse processo de emancipação popular nas lutas e até mesmo esse diálogo com essas questões do extermínio da juventude e a redução da maioridade penal colocam a gente em um cenário de choque. É um momento fundamental para se questionar qual a pauta real que precisamos focar para avançar.

É essencial seguir na luta contra o extermínio da juventude e não tem como desatrelar esta questão da redução da maioridade. Até porque, sabemos para quem está sendo projetada essa lei, pois quem é preso de verdade em nosso país é a juventude pobre, negra e periférica.