De Norte a Sul, Sem Terra mostram a cultura do Brasil

Por Alan Tygel e Wesley Lima
Da Página do MST

Fotos: Camila Rodrigues e Elitiel Guedes

Um giro pela cultura popular do Brasil em cinco atos. As barracas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte na feira do VI Congresso do MST ofereceram aos visitantes comidas, bebidas, artesanato e música de todo o país. E é exatamente isso que o MST chama de cultura.

Por Alan Tygel e Wesley Lima
Da Página do MST

Fotos: Camila Rodrigues e Elitiel Guedes

Um giro pela cultura popular do Brasil em cinco atos. As barracas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte na feira do VI Congresso do MST ofereceram aos visitantes comidas, bebidas, artesanato e música de todo o país. E é exatamente isso que o MST chama de cultura.

“Cultura é muito mais do que cantar. É o jeito do povo viver, os costumes de se alimentar, de se vestir, que esse sistema quer quebrar, colocando essas ilusões na cabeça das pessoas para poder incentivar o consumismo da juventude. Isso não tem nada de cultura. Essa cultura de raiz, da identidade do povo brasileiro é que a gente tem que resgatar para poder construir junto uma sociedade com outros valores.”, afirma Zé Pinto, cantador do MST.

Os militantes da região Norte trouxeram para a Mostra artesanato típico da Amazônia. As biojoias são feitas com plantas e sementes da região, como explica Rose Maia, do Pará.

“O Tururi é a fibra natural de um coqueiro que só tem na região amazônica. Temos também a cerâmica marajoara, e o Patchouli, uma planta que só dá nas barrancas do Rio Amazonas, e colares de semente de açaí.”

Raimundo Nonato, do assentamento Paulo Fonteli, em Belém, explica o processo de produção do artesanato em látex: “A gente corta a seringa, bota pra cozinhar, e depois que esfria a gente mistura com pó de madeira e leite. Depois pega o pincel e passa na forma. Aí dependendo do formato da forma vai sair uma peça diferente”.

No outro extremo do Brasil, os gaúchos também mostravam os símbolos de sua cultura. Pedro Brizola, de Novo Barreiro (RS), explica a importância da erva-mate.

“O símbolo do nosso estado é o chimarrão, então onde a gente carrega é uma novidade. Em alguns lugares tem café, outros cachaça, e no nosso é o chimarrão. A gente traz o soque [máquina que moi a erva], a erva canchada [que já foi seca], a máquina pra esquentar água, pra divulgar a tradição da nossa gauchada.”

A embalagem da erva-mate Rainha do Sul, produzida pelo MST, estampa os dizeres Bebida democrática e símbolo da amizade. Pedro explica: “A amizade é porque quando chega uma visita na sua casa, a primeira coisa que nós temos que oferecer é o chimarrão.”

Em todas as quatro noites do Congresso, as barracas apresentaram música e teatro das regiões.  O maior sucesso ficou por conta da Bahia, que trouxe para a última noite o grupo Ilê Aiyê. O coral negro empolgou a massa com uma paródia de uma de suas músicas, em homenagem ao MST: “A, e, i, o, u, sou do Curuzu, M, S, T, estamos com você”. 

Neuza de Jesus, do assentamento Milton Santos, no recôncavo baiano, fala sobre a importância da cultura na Bahia: “Neste espaço estamos mostrando todo o gingado e força cultural de nossas comunidades. Isso é muito importante, pois estamos divulgando as nossas raízes”.

“O Congresso Nacional está construindo um debate político em torno da Reforma Agrária Popular, e as atividades culturais propõem desenvolver um espaço de confraternização, alegria e muita dança”, conclui Neuza.