Seminário constrói linhas de atuação para a transição agroecológica na Bahia



Por Wesley Lima
Da Página do MST

Por Wesley Lima
Da Página do MST


Entre os dias 05 e 07 de novembro, foi realizado no assentamento Eldorado, na Bahia, o 1º Seminário de Agroecologia do Recôncavo Baiano. O propósito do eventdo foi refletir sobre o desenvolvimento social e pensar a agroecologia como modelo de produção das famílias assentadas e acampadas no estado.

De acordo com a coordenação do evento, “esta atividade é produto de um trabalho coletivo iniciado aproximadamente há oito anos pela Regional Recôncavo do MST, contou com o apoio do Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias (NEPPA) e foi construído a partir de uma demanda real do Movimento”.


A atividade reuniu cerca de 150 trabalhadores Sem Terra e auxiliou também na estruturação, regularização e manutenção das associações de agricultores dos assentamentos da região, tendo em vista a formação de cooperativas.

Para Leonice Ferreira, da direção estadual do MST, muito precisa ser feito para realizar uma mudança estrutural no modelo de produzir dos trabalhadores rurais. Além disso, construir uma relação mais íntima entre o camponês e a terra é um desafio que se enfrenta todos os dias.

“Sabemos que reproduzimos em nossos assentamentos e acampamentos o modelo de produção agrícola do agronegócio, já que fomos historicamente condicionados e ensinados a produzir utilizando agrotóxicos, queimando e desmatando a natureza. É um grande desafio que enfrentamos propor mudar este modelo, mas estamos aqui neste seminário para desenvolver ações que fortaleçam o debate da agroecologia e que possam realizar mudanças estruturais em nossa produção familiar”.


Programação

Com o lema “Unir. Lutar. Transformar” foram realizadas várias mesas de debate, minicursos, oficinas, painéis e atividades práticas, que conseguiram dialogar com os adultos, jovens e adolescentes presentes.


A programação estava repleta de atividades que fomentavam algumas questões referentes ao modelo de produção do agronegócio e aos processos organizativos e produtivos da agricultura familiar.

Para isso, foram abordados temas como: a Reforma Agrária Popular e os desafios nas perspectivas da transição agroecologica; cooperativismo e poder popular e o combate às opressões e violências.

“A programação foi pensada de acordo com algumas demandas do setor de produção, educação, comunicação, cultura e juventude, tendo como base o projeto de agroecologia que está sendo debatido pelo MST desde 2005. A nossa proposta é fortalecer este modelo e dar uma oxigenada na organização e no debate político destes setores” afirma Fidel Marx, militante e integrante da coordenação do evento.

Além disso, o seminário contou também com diversas atividades recreativas e culturais como rodas de samba, capoeira e exercícios físicos para a terceira idade.


Desafios

Os três dias de atividade pontuaram desafios importantes. Primeiro, iniciar o processo de transição agroecologica nas áreas do MST.

Além disso, debater a multiplicação do acesso às políticas de escoamento da produção a partir da cooperação e associação. Por fim, consolidar grupos de mulheres e jovens nos assentamentos.

Para isso, é dado como alternativa o trabalho coletivo e estudo técnico com base em referências produtivas que não utilizam agrotóxicos no meio ambiente.

A educadora e agricultora Rosimeire Bastos acredita que o tema agroecologia precisa ser abordado cotidianamente nas rodas de conversa, assembleias, reuniões e nas escolas, por ser uma questão de suma importância para a luta do movimento, para o fortalecimento da produção e para o meio ambiente.

O seminário foi uma iniciativa do MST em parceria com a Via Campesina, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (URFB) e da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).