Sem Terra bloqueiam rodovia no Pará após Incra não cumprir acordo



Por Márcio Zonta
Da Página do MST


Desde segunda-feira (1), cerca de 3.000 famílias do MST ocupam a estrada PA- 155, que liga Marabá ao restante do sudeste do estado paraense. 


O clima na região é tenso, e o helicóptero da Polícia Militar tem sobrevoado a área durante o dia inteiro.


Os Sem Terra cobram as promessas não cumpridas do superintendente nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Guedes e Guedes.

Por Márcio Zonta
Da Página do MST

Desde segunda-feira (1), cerca de 3.000 famílias do MST ocupam a estrada PA- 155, que liga Marabá ao restante do sudeste do estado paraense. 

O clima na região é tenso, e o helicóptero da Polícia Militar tem sobrevoado a área durante o dia inteiro.

Os Sem Terra cobram as promessas não cumpridas do superintendente nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Guedes e Guedes.

Segundo os trabalhadores rurais, em fevereiro desse ano Guedes esteve em Marabá e se comprometeu a desapropriar até o mês novembro oito áreas ocupadas pelo MST, que beneficiaria cerca de 2.500 famílias.

Entretanto, as famílias seguem acampadas sem resposta do órgão federal. A maioria dos acampamentos já tem mais de oito anos de existência. 

A promessa de Guedes foi feita após uma infeliz declaração, em novembro de 2013, aos dirigentes do MST, dizendo que ele não “era responsável pela Reforma Agrária no Pará”.

Diante da repercussão de sua afirmação na imprensa nacional, Guedes resolveu fazer uma visita ao Pará, quando acordou com os Sem Terra o acordo de desapropriar essas áreas.

As áreas

De acordo com os Sem Terra, a maioria das oito áreas ocupadas pelo MST está envolto a uma trama de corrupção por parte do Incra de Marabá, assassinatos e negócios ilícitos.  

As fazendas Maria Bonita e Cedro, ambas em Eldorado dos Carajás, pertencem ao Grupo Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas. Conforme estudo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), 72% das áreas em poder do grupo Santa Bárbara seriam compostas por terras públicas federais ou estaduais.

Outra área ignorada pelo Incra e que atende a legislação para Reforma Agrária, é a Fazenda Santa Tereza, em Marabá.

Em julho desse ano, logo após a ocupação da fazenda pelas famílias Sem Terra, Eudério Coelho, superintendente do Incra de Marabá, declarou nos meios de comunicação que a ocupação era ilegal, saindo em defesa do fazendeiro Rafael Saldanha.

Porém, um laudo do Instituto de Terras do Pará (Iterpa) comprova que as terras da Fazenda Santa Tereza eram griladas, improdutivas e com crimes ambientais, já que se tratava de área de concessão de afloramento, jamais podendo ser destinada para pasto, por ser uma zona de castanhal.

Rafael Saldanha é um dos maiores empresários de Parauapebas. Com o crescimento da cidade fundou a Construtora e Incorporadora Nova Carajás, quando começou a lotear áreas de fazendas griladas por ele e por Joaquim Roriz no estado.

Joaquim Roriz, por sua vez, é ex-governador do Distrito Federal. O mesmo que anos atrás foi denunciado pelo Ministério Público do DF como chefe de esquema de corrupção no Banco de Brasília (BRB).

Além dessas denuncias, os Sem Terra ainda destacam o fato de Rafael Saldanha ser réu na ação penal pela morte dos trabalhadores rurais Onalício Araújo Barros (Fusquinha) e Valentim Silva Serra (Doutor), assassinados em 26 de março de 1998 pela articulação do grupo de fazendeiros ao qual Saldanha e Dão Baiano fazem parte. 

Diante da gravidade da situação, Eurival Martins, da coordenação nacional do MST, indaga se Guedes e Guedes, “assim como Eudério Coelho, compactua com esse grupo de assassinos, grileiros de terras e criminosos ambientais no Pará e realmente não fará a reforma agrária no estado? Se for não desbloquearemos a estrada”, disse o Sem Terra.