Sem Terra conquistam 100 vagas em curso de geografia na UFPA
Da Página do MST
Fruto de um longo processo iniciado em 2008, a partir da pressão dos movimentos sociais do campo, a Superintendência Regional do Incra no Pará, junto a Universidade Federal do Pará (UFPA), criaram o curso de Licenciatura e Bacharelado em Geografia.
O curso vai oferecer 100 vagas a população do campo ligada às áreas de reforma agrária, em que serão divididas em duas turmas, com duração de 4 anos para Licenciatura mais um ano para obtenção do Bacharelado.
As aulas serão ministradas em regime de alternância no Campus Universitário do Guamá, em Belém, e nos assentamentos de origem dos educandos, onde colocarão em prática a teoria aprendida.
O curso faz parte do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), e os candidatos serão escolhidos por meio de processo seletivo, previsto para a segunda quinzena de março, em data exata ainda a ser definida pela UFPA.
Para se inscrever o candidato terá que comprovar que consta na relação de beneficiários da reforma agrária de uma das três superintendências regionais do Incra no estado do Pará – Belém (SR-01); Marabá (SR-27) ou de Santarém (SR-30).
Ferramenta de transformação
No ato de assinatura do Termo, realizado na reitoria da UFPA, o superintendente do Incra, Nazareno Souza destacou a participação dos movimentos sociais na discussão do projeto de implantação do curso e a importância da educação como ferramenta transformadora da realidade no meio rural. Para Souza, a educação é um elemento fundamental para mudanças no modo de se pensar a reforma agrária.
Para o representante do MST, Ulisses Manaças, a assinatura do Termo entre as instituições federais significou um “momento de felicidade” para os movimentos sociais, por abrir as portas da academia a camponeses, historicamente exluídos do ensino superior. Manaças observou que a criação do curso de Geografia só foi possivel graças à parceria entre os órgãos federais e os movimentos sociais que há décadas lutam pela democratização do acesso á educação.
Maneschy concordou com a liderança rural e afirmou que é um dever da UFPA tornar-se acessível aos setores da sociedade historicamente exluídos do ensino superior, como os quilombolas e trabalhadores rurais e expressou sua vontade de dar continuidade a parceria com o Incra para criação de cursos em outras áreas de ensino.
Mais de 8 mil beneficiados
Desde a criação do Pronera, em 1998, a UFPA é a instiuição de ensino superior que mais assinou acordos de parceria com o Incra para ofertas de vagas em cursos existentes ou criação de novos cursos para beneficiários da reforma agrária.
A parceria da UFPA com o Incra no Pará, somente com a superintendência regional do nordeste paraense (SR-01), já beneficiou 8.426 assentados e acampados com cursos de Alfabetização e de nível superior. A criação do curso de Geografia voltado para assentados é o terceiro de nível superior; os anteriores, Pedagogia da Terra e Pedagogia das Águas, foram administrados de 2000 a 2010.
Atualmente as duas instituições federais discutem a criação de cursos técnicos nas áreas de saúde e de turismo, além de um novo curso de pedagogia.