Em Jornada, movimentos sociais do campo se reúnem com o governador de Alagoas

Essa a primeira vez que o governador recebe os movimentos do campo no novo mandato do Palácio dos Palmares.
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Nesta quarta, mais de 5 mil marcharam por Maceió e pautaram a necessidade da Reforma Agrária. Foto: Ésio Melo

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Na manhã desta quinta-feira (12), às 11h, representantes dos movimentos sociais de Algoas apresentam suas reivindicações diretamente ao governador Renan Filho (PMDB). Essa a primeira vez que o governador recebe os movimentos do campo no novo mandato do Palácio dos Palmares.

Mobilizados desde a noite do último domingo (8) em todo o estado, cerca de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais organizados no MST, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Libertação dos Sem Terra  (MLST), e o Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL) realizaram diversos atos pautando os governos federal e estadual com as demandas dos camponeses.

Entre as bandeiras de luta estão a imediata suspensão das dezenas de reintegrações de posse sinalizadas para as famílias acampadas em todo o estado, a garantia de infraestruturas sociais e produtivas para a produção e vida no campo (estradas, água, saúde, escola, quadras de esportes), a destinação das terras do extinto banco estadual Produban para fins de Reforma Agrária, a garantia do acesso das terras às margens do Canal do Sertão para as famílias Sem Terra acampadas, além da criação de uma política estadual de desenvolvimento dos assentamentos de Reforma Agrária.

Marcha em Defesa da Reforma Agrária

Na manhã de ontem (11), os 5 mil camponeses e camponesas realizaram uma marcha pela capital Maceió, onde pautavam junto à sociedade a necessidade de realização da Reforma Agrária para a garantia de vida digna a quem vive no campo e nos centros urbanos.

Durante a marcha, os Sem Terra passaram pela Secretaria Estadual de Educação, onde a juventude e as crianças dos assentamentos e acampamentos denunciaram o abandono que vive a educação nas áreas rurais, e exigiram qualidade na educação no campo.

Segundo Amanda Diony, do coletivo de juventude do MST em Alagoas, os estudantes dos acampamentos, assentamentos e povoados na zona rural vivem um descaso com sua educação. “Além da estrutura precária da maioria das nossas escolas, não temos as condições básicas para garantir a educação dos jovens e das crianças no campo. Faltam professores, merenda e até transporte escolar”, denunciou.

Os jovens na marcha relataram que somente esse ano, os estudantes ficaram um mês sem poder assistir aula pela falta de transporte.

“Não basta assentar as famílias em suas terras e esquecê-las, é preciso dar condições dignas para que elas possam produzir e viver no campo, e é por isso que a nossa marcha também faz essas cobranças. Nosso povo precisa estudar, ter atendimento médico, espaços de lazer, estradas de qualidade para que possamos produzir alimentos sadios para a mesa de quem está na cidade”, destacou José Roberto, da direção nacional do MST.

Mais de 20 despejos

Após a passagem na Secretaria de Educação, a marcha seguiu em direção ao Centro de Maceió, onde os Sem Terra levaram suas bandeiras e faixas ao prédio do Tribunal de Justiça de Alagoas. Lá os camponeses exigiam a imediata suspensão dos despejos das famílias Sem Terra acampadas em Alagoas. Para 2015, mais de 20 despejos foram sinalizados para os acampados no estado.

Em reunião com o presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Washington Luiz, os Sem Terra apresentaram suas demandas, ressaltando a responsabilidade da Justiça com as possíveis ações de reintegrações de posse no estado.

“É preciso que antes de determinar as ações de reintegrações de posse, verifique se a terra em questão cumpre sua função social, assegurada na Constituição, e da certificação da propriedade das terras”, destacou Débora Nunes, da coordenação do MST.   

Os Sem Terras também pautaram a necessidade do TJ compor o Comitê Estadual de Conflitos Agrários. O desembargador presidente se comprometeu em permanecer em diálogo com os movimentos para acompanhar os casos de despejos.

Os trabalhadores e trabalhadoras voltaram a erguer seus barracos de lona preta na Praça Sinimbú onde aguardam o resultado da reunião com o governador do estado.