Após Marcha, Sem Terra obtém respostas positivas do governo da BA

Cerca de 6 mil Sem Terra percorreram 116 km em uma semana, ao saírem de Feira de Santana até Salvador.

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Da Página do MST

Nesta última terça-feira (17), os 6 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra chegaram a Salvador e ocuparam o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

Em seguida, participaram de uma Assembleia na Governadoria do Estado com respostas positivas a pauta de reivindicação.

Este momento culmina a Marcha Estadual do MST, realizada de Feira de Santana a Salvador, que percorreu cerca de 116 km.

 

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A marcha, que saiu no dia 9/03, cumpriu o objetivo de estabelecer um diálogo com a sociedade sobre a Reforma Agrária e denunciar às contradições do agronegócio, assim como, a violência contra a mulher e o capital.

De acordo com Glória Barbosa, do Assentamento Lulão, esta marcha é um avanço na organização do Movimento e no debate social sobre a Reforma Agrária.

“Muitas pendências existem. Nossos projetos dependem do Estado e isso é um problema. Outra questão é a desapropriação de terra que está travada no país. Esta marcha simboliza para mim a unidade que queremos construir e o fortalecimento da Reforma Agrária”, explica Glória.

Pauta e Negociações

No início da marcha o MST entregou uma pauta de reivindicação pontuando a questão da terra, assistência técnica, crédito, educação, projetos e financiamento para atividades com as mulheres e jovens.

Além disso, o documento questionava a morosidade da justiça referente ao assassinato do militante Fábio Santos, que completa dois anos de impunidade em abril.

Foram necessárias três reuniões com o governador Rui Costa (PT – BA) e sua Assessoria para obter um consenso entre aquilo que se reivindicava e as propostas de resoluções dadas por essas representações.

Porém, o MST avalia de maneira positiva as negociações, tendo em vista que na maioria dos pontos reivindicados houve uma sinalização positiva.

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De acordo Elizabeth Rocha, da direção nacional, este momento é histórico para o MST. “Nossa luta tem o papel de cobrar e estreitar as relações com o governo, para pautar e conquistar direitos para toda classe trabalhadora. Nós conseguimos isso”.

Ela também afirma que um dos compromissos assumidos pelo governo trará mudanças significativas na luta e organização dos trabalhadores. É o caso do acesso as políticas e programas que dialogam com a participação das mulheres e da juventude na gestão política e econômica dos Assentamentos e Acampamentos.

Já Marcio Matos, também da direção nacional, disse que o MST iniciou um novo ciclo no debate agrário baiano por conta das sinalizações positivas.

“Este ano, preparamos uma pauta de reivindicação para que pudéssemos dialogar com o governo. Nesta negociação estabelecemos prioridades, e nossas demandas são estratégicas para o desenvolvimento social da Agricultura Camponesa, garantindo sua soberania. Nossa vitória foi o compromisso assumido pelo governador com nossa pauta, e isso se respalda na construção de uma Reforma Agrária capaz de garantir desenvolvimento ao trabalhador rural”, conclui.

 

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Governador Rui Costa promete atender demanda dos Sem Terra.

O governador Rui Costa, por sua vez, afirmou que “a história nega a participação do povo na construção de sua identidade e de seu direito a lutar. Queremos mudar esta realidade e para construir isso, precisamos caminhar juntos”.

Após a Assembleia e a sinalização positiva do governo, os trabalhadores retornaram a seus Assentamentos e Acampamento com o desafio de continuar da luta e fazer no mês de abril a maior jornada de ocupações de terra da Bahia.