Para Dilma, o Brasil tem de saber que a agroecologia é possível

A presidenta participou da 12°Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, no Rio Grande do Sul.

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Da Página do MST

Nesta sexta-feira (20), a presidenta Dilma Rousseff participou da 12°Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, nos Assentamentos Integração Gaucha e Lanceiros Negros, em Eldorado do Sul, região metropolitana de Porto Alegre (RS).

Na ocasião, a presidenta elogiou a nova estrutura da unidade de secagem e armazenagem de arroz da Cooperativa dos Trabalhadores em Assentamos da Região de Porto Alegre (Cooptap), com capacidade para 80 mil sacas.

“O Brasil tem de saber que isso é possível. Falo da abertura oficial da colheita desse arroz agroecológico e mostro, ao falar disso, uma estrutura que está baseada nos assentados da reforma agrária que mostra a qualidade e as possibilidades que um assentamento de reforma agrária tem para o Brasil”, disse às mais de 5 mil famílias assentadas do MST gaúcho, ao acrescentar que a “agricultura familiar baseada em assentamentos da reforma agrária é um alto negócio para as famílias e para o país”.

A nova unidade de secagem e armazenagem de arroz teve financiamento de R$ 3,4 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do programa Terra Forte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Atualmente, a maior produção de arroz orgânico do país é oriunda dos assentamentos gaúchos, que possuem uma área cultiva de 4 mil hectares, envolve mais de 450 famílias, em 14 assentamentos. A meta da na safra de 2015 é atingir a produção de 443 mil sacas.

“Estou aqui saudando três pilares, que estruturam a reforma agrária. Primeiro, a existência de trabalhadores, agricultores e agricultoras, de famílias que se organizaram em cooperativas; segundo, que não ficaram só na produção e que estão apostando em algo muito importante que é a produção agroecológica, perto de uma grande metrópole como é Porto Alegre. E portanto, criaram não só a produção, mas o beneficiamento, armazenagem, o ensacamento e como estava dizendo para mim o presidente da cooperativa, aqui onde nós estamos vai ser a indústria, o que é muito simbólico, nós estamos justamente em cima do lugar onde vai ser construída essa indústria”, disse a presidenta.

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Reforma Agrária

Para o coordenador nacional do MST no RS, Cedenir de Oliveira, a festa da colheita do arroz agroecológico não é somente uma conquista das famílias assentadas, mas a reafirmação da necessidade da Reforma Agrária Popular, ao demonstrar que somente a partir desse modelo é possível produzir alimentos orgânicos e de qualidade, também em grande escala.

“Essa forma de produção de arroz agroecológico representa uma das maiores experiências de cooperação agrícola do país, em que as famílias assentadas coordenam toda a cadeia produtiva”, explica o coordenador estadual do setor de produção do MST, Pardal Martins.

O modelo de produção adotado pelas famílias assentadas engloba um conglomerado econômico com vários níveis de cooperação: produção agrícola, agroindustrialização e comercialização. Segundo Martins, possui um processo inovador de gestão, coordenado por um Grupo Gestor que organiza as famílias produtoras em grupos de bases, como grupos de produtores e cooperativas coletivas.
 

Histórico

O arroz agroecológico começou a ser cultivado em 1999 nos assentamentos de Reforma Agrária da região metropolitana de Porto Alegre.

A comercialização do produto é coordenado pela Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), responsável pela inserção desse produto no mercado, e que detém a marca comercial “Terra Livre”.

Em geral, a maior parte da produção de arroz é comercializada no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o restante no mercado convencional, em supermercados e redes, como a rede Pão de Açúcar.

Desde 2004, o arroz recebe o certificado de produto orgânico com base em normas nacionais e internacionais, em todas as etapas da cadeia produtiva.

Além da produção de arroz agroecológico, com o apoio de sete programas do PAA, atualmente as famílias assentadas de 11 assentamentos da região metropolitana de Porto Alegre, também produzem hortaliças, frutas e verduras, para o abastecimento de entidades populares e assistenciais da região. Alimentando em média 35 mil pessoas.

Hoje, o MST gaúcho possui 13.400 mil famílias assentadas, vivendo em mais de 300 assentamentos de reforma agrária, presentes em todas as regiões do estado. Bem como, conta com 19 cooperativas para a agroindustrialização e comercialização da produção agrícola.