Trabalhadores do campo e da cidade marcham por direitos em Aracati, no Ceará

As falas de indignação respaldaram sobre as empresas do agronegócio, como a de carcinicultura e a Syngenta, com sede no município.

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Por Josenilson Doddy
Da Cebs Comunica
                                                                                       

Cerca 300 famílias da Organização Popular de Aracati (OPA) e do MST saíram às ruas do município de Aracati (CE) para protestarem contra a negação aos direitos sociais.

A 1° Marcha dos Oprimidos do Campo e da Cidade exigiu dos poderes constituídos a solução para os problemas, além de denunciar a criminalização das lutas populares por parte de segmentos da imprensa local e do poder Judiciário.

Durante o percurso, as falas de indignação respaldaram sobre as empresas do agronegócio, que segundo as organizações, devastam a região, sobretudo a carcinicultura, citada inúmeras vezes como invasora dos territórios tradicionais dos povos ribeirinhos.

A empresa Syngenta, do ramo de transgênicos e agrotóxicos e que possui laboratório no município também não foi poupada.

Os manifestantes também pararam em frente à rádio Canoa, onde exigiram o direito de resposta por conta de calúnias que teriam sido noticiadas sobre a recente ocupação de luta por moradia Comuna Jacinta Sousa.

Jocélia Ribeiro, da coordenação da OPA, lembrou do lema do 21º grito dos excluídos que diz: “que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome.”

A Comuna reivindicava, entre outras questões, o cadastro municipal das 400 famílias que ocupam a área.

Sob o grito de ordem “Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!”, a marcha seguiu até o gabinete do poder executivo municipal, que foi ocupado.

A manifestação terminou quando a audiência para negociação das pautas das comunidades foi marcada com o prefeito Ivan Silvério (PDT).

Cinco comunidades da OPA e cinco do MST, fora a própria Comuna Jacinta Sousa, estiveram presentes no ato, que contou também com o apoio da paróquia local.

Segundo Elisângela Gomes, da direção do MST, a mobilização representou um passo a mais na organização da classe trabalhadora no município.

“Depois de hoje, as expectativas apontam para um envolvimento ainda maior de setores oprimidos, que já percebem que sem luta direta não há alternativa de mudança possível”.