Com presença de Ministro, ato político firma convênios e promove a agroecologia

“Queremos que, para além da produção de mercadorias, chegue à mesa de todos os brasileiros a comida saudável”, disse Damasceno.

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Por Rafael Soriano 
Da Página do MST

Nesta sexta-feira (24/07), diversas representações de trabalhadores, bancos públicos, parlamentares e o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, se reuniram em Irati-PR, no ato político da 14ª Jornada de Agroecologia para firmar convênios de compra de alimentos e estímulo à industrialização da agricultura camponesa. Em mensagem lida pelo Ministro durante o evento, Dilma saúda a capacidade de mobilização e a experiência dos trabalhadores em torno da Agroecologia.

Cooperativas de trabalhadores das diversas regiões do Paraná firmaram com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e com o Banco do Brasil convênios nos programas Terra Forte e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que fazem parte da política do Governo Federal para a agricultura camponesa. Além das formalizações, os participantes defenderam a ampliação qualificada da política de agroecologia.

Confira na íntegra a Carta da Jornada que foi lançada durante o ato.

Estiveram presentes no ato político a senadora Gleisi Hoffmann, autoridades locais, deputados federais, representação da Caixa, do Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), representação da Secretaria Geral da Presidência, o vice-presidente do Incra, além do Ministro Patrus e membros da Via Campesina. Na plateia, estavam mais de 4 mil trabalhadores rurais, participantes da Jornada.
 

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O coordenador nacional do MST, José Damasceno, falou em nome da Via Campesina celebrando os 14 anos de trabalho em torno da Jornada de Agroecologia que dão a clareza que os camponeses têm condições de construir essa alternativa, da produção agroecológica e sustentável. “Queremos que, para além da produção de mercadorias, chegue à mesa de todos os brasileiros a comida saudável”, salientou Damasceno.

“Temos que dar o passo de uma Reforma Agrária mais ousada. Além da desconcentração, um projeto diferente, que distribua terra e fortaleça a permanência do homem e da mulher no campo. Criar a comunidade camponesa, com acesso a saúde, lazer, cultura, educação, agroindustrialização, cooperação”, frizou o trabalhador.

“A elite quer tirar tudo de conquistas do trabalhador (como o Programa de Aquisição de Alimentos, que é conquista nossa), mas, estamos aqui cobrando e demonstrando a necessidade de se criar mecanismos de desburocratização e ampliação do acesso ao programa”, adverte. Em resposta, o Ministro Patrus Ananias reafirmou o compromisso com a política de estímulo a agricultura familiar e sinalizou mais uma vez o assentamento de todas as famílias hoje acampadas até o final de 2018.

Patrus leu mensagem da presidenta Dilma Rouseff, em que ela assume o desafio de dar saltos continuados na agricultura sustentável e orgânica e diz se comprometer com uma vida mais sustentável no campo e na cidade. “Vocês são atores centrais nesse processo. O Brasil saiu do mapa da fome da FAO/ONU porque juntos temos implementado uma rede de apoio à agricultura familiar”, nas palavras da presidenta lidas pelo Ministro.
 

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“A Jornada com mais de 4 mil pessoas é emblemático da força da agroecologia, que se apresenta possível, viável e competitiva. Demonstra a possibilidade de alcançar o objetivo do desenvolvimento participativo com responsabilidade social”, leu o Ministro, se comprometendo a realizar um novo tipo de itinerância no MDA a partir do próximo mês, visitando os acampamentos e assentamentos nos Estados e encontrando caminhos para viabilizar a Reforma Agrária.

“Nosso objetivo é que até o final de 2018 não tenhamos mais nenhuma família, nenhuma criança vivendo debaixo da lona em território brasileiro” afirmou Patrus. “Queremos abrir um debate no Brasil sobre a terra – com entidades, movimentos, universidades, igrejas – de como aplicar irrestritamente o princípio da função social da propriedade, na área urbana ou no campo”, ressaltou.

“Não podemos aceitar a especulação imobiliária ou fundiária prevalecer sobre o direito a moradia, sobre o direito humano à alimentação”, se indignou o ministro. O ato político foi um dos pontos altos da 14ª Jornada de Agroecologia, que começou no último dia 22/07 defendendo o tema “Terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos.
 

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