A classe trabalhadora deve enfrentar o avanço do capital na educação, afirma dirigente do MST

Rubneuza Leandro de Souza, do setor de educação do MST, avalia a contribuição do 2° Enera para a organização do MST, ao relacionar o encontro com a atual conjuntura da educação pública brasileira.

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Da Página do MST

Em entrevista à Página do MST, Rubneuza Leandro de Souza, do setor de educação do Movimento, avalia a contribuição do 2° Enera para a organização do MST, ao relacionar o encontro com a atual conjuntura da educação pública brasileira.

“O 2° Enera representa o compasso da educação Sem Terra, que está vinculada diretamente à luta pela terra. No 1° Enera estávamos consolidando o processo educacional dentro do Movimento. Agora, o encontro cumpriu com a função de se colocar no debate para entender o que está acontecendo no atual movimento da educação brasileira”, afirmou Rubneuza.

Rubneuza ressalta ainda os desafios postos à classe trabalhadora neste setor, colocando a necessidade de se construir uma unidade na luta. “O capital está direcionando a educação brasileira via escolas públicas. É isso que temos que enfrentar por meio de uma ampla articulação da classe trabalhadora, que deve se unir para responder à ofensiva do capital na educação. Essa é uma realidade que precisa ser transformada.”

Confira entrevista

 

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O que o 2° Enera representa no processo de educação do Movimento?

O Enera representa o compasso da educação Sem Terra que está vinculada diretamente à luta pela terra. No 1° Enera estávamos consolidando o processo educacional dentro do Movimento. Neste segundo, o fato de promovermos o debate sobre o atual momento da educação pública nos estados, fez com que nos fortalecêssemos internamente. Desse ponto de vista, o encontro cumpriu com a função de se colocar no debate para entender o que está acontecendo no atual movimento da educação brasileira.

Quais as diferenças do contexto do 1° Enera para este?

No primeiro Enera vivíamos um momento em que as forças repressivas agiam sobre o campo. Foi a época dos massacres de Eldorado dos Carajás e Corumbiara. A violência estava latente. 

Hoje, a conjuntura nos exige uma posição firme frente aos retrocessos apresentados. Se o 1° Enera nos trouxe a necessidade de colocar força no campo para fazer frente ao modelo do agronegócio, agora temos que juntar as forças da classe trabalhadora do campo e da cidade para enfrentarmos o modelo do capital na educação, comandado pelo movimento “Todos pela Educação”, que é pautado na responsabilização, na meritocracia e na privatização.

Existe a perspectiva de um terceiro encontro?

Levamos 18 anos para realizar o 2° Enera, pensamos o encontro de maneira conjuntural, acreditamos que nesse momento era necessário somar forças para lutar contra o fechamento das escolas, a inserção dos agrotóxicos nas escolas do campo e a mercantilização da educação. 

Por isso, não podemos precisar uma data para um novo Enera, isso vai depender da conjuntura e das necessidades de mobilização e posicionamento que cada período exige.

Quais os desafios postos para o próximo período?

Não podemos ter medo da diretividade das questões. O capital está direcionando à educação brasileira via escolas públicas. É isso que temos que enfrentar. Essa articulação tem que ser ampla, temos que reunir toda a classe trabalhadora para responder ao enfrentamento que o capital está impondo na educação. É uma realidade que precisa ser transformada.

O desdobramento do Enera, expressado aqui durante esses cinco dias, e todas as falas apontaram para isso, é que existe uma expectativa enquanto classe da necessidade de articular forças para avançarmos no enfrentamento e resistência ao modelo que está colocado para educação brasileira como um todo.