Jovens Sem Terra são vítimas de emboscada no Pará

Um jovem levou um tiro de raspão e outro foi ferido com coronhadas no rosto.
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Coletiva de imprensa realizada em 2010 para denunciar as ameaças sofridas pelos Sem Terras na região

Por Viviane Brígida 
Da Página do MST

Nesta sexta (3), dois Sem Terra do acampamento Quintino Lira, em Santa Luzia (PA), foram vítimas de uma emboscada por parte de pistoleiros da Fazenda Cambará, que pertence ao deputado federal Josué Bengtson (PTB/PA).

Um jovem levou um tiro de raspão e o outro foi ferido com coronhadas no rosto. Os Sem Terra relataram que foram intimidados e ameaçados pelos pistoleiros a mando do filho do deputado.

As vítimas, acompanhadas da direção estadual do MST, se dirigiram à delegacia do município, mas o delegado se recusou a registrar queixa. Até o início desta segunda- feira (5), os jovens ainda não tinham feito exame de corpo de delito.

Há anos o MST denuncia sistematicamente a Ouvidoria Agrária Nacional e a todos os órgãos competentes sobre a grave situação na área. “A tensão só vem aumentando na região. Desde 2010 nós denunciamos as ameaças que sofremos, as famílias vivem em situação de medo e o Estado é omisso”, denuncia o acampado Paulo Ferreira.

Histórico 

A Fazenda Cambará é gerenciada por Marcos Bengtson, filho de Josué Bengtson. O fazendeiro é réu no processo que apura a morte do trabalhador rural José Valmeristo Soares (o Caribé), assassinado em setembro de 2010.

A situação de conflito vem aumentado desde que a ação de reintegração de posse foi julgada e negada em 2014. Na época foi comprovada que a área pertence à União.

Após a comprovação, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realizou vistoria na área. Dias depois, a demarcação feita pelo órgão foi destruída a mando do fazendeiro.

Josué Bengtson também é um dos principais envolvidos na Máfia dos Sanguessugas, conhecida como máfia das ambulâncias, escândalo de corrupção que veio à tona em 2006 ao descobrir uma quadrilha que desviava dinheiro público destinado à compra de ambulâncias.

O MST e a Sociedade Paraense em Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) fará, nesta terça-feira (06), uma coletiva de imprensa na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Belém, para denunciar  o caso e exigir providências efetivas.